quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

SoCiEdAdE Do CaNsAçO

 



      Para Aristóteles ser livre é viver independente das necessidades da vida e de suas obrigações, admitir a beleza da criação e investigar aquilo que não passa.

          É possível isso?

          O comportamento da sociedade vem mudando. A busca pelas respostas do mistério da vida e do transcendente deu lugar a busca por si mesmo. O importante é ter dinheiro e ser dono do próprio nariz. Mas essa maneira de se viver não afasta as crises que cada indivíduo enfrenta a todo momento.

          Olha só isso...

          Há uma pressão em ser e não ser ao mesmo tempo. Se alguns vivem crendo que todo esforço em favor da vida leva a morte tem outros que vivem como se ela não existisse...

          Veja essa...

          O número de pessoas cansadas e esgotadas excessivamente é um dos sintomas de uma sociedade que absolutiza o trabalho, o desempenho e a produção.

“O tempo de celebração desapareceu totalmente em prol do tempo do trabalho[...] O descanso serve apenas para nos recuperar do trabalho para continuar funcionando” (HAN, 2017, p. 113).

          Tem essa aqui também...

          Não se fica imune de ser acometido pelas doenças neuronais: Depressão; Transtorno de Déficit de Atenção com Síndrome de Hiperatividade (TDAH); Transtorno de Personalidade Limítrofe (TPL) ou Boderline e a Síndrome do esgotamento profissional ou Burnout (SB).

          Uns se exploram até o esgotamento. Outros têm a atenção dividida com inúmeras atividades a realizar tirando a capacidade de concentração e contemplação das coisas (já que a cabeça nunca para).

          E essa outra...

          “Hoje em dia, as coisas só começam a ter valor quando são vistas, expostas e chamam a atenção”. (HAN, 2017, p. 125).

         

          Por fim...

          “Tudo que é divino ficou obsoleto[...] O mundo perdeu sua alma e fala. Perdeu toda relação com Deus, com o sagrado, com o mistério, com o infinito, com o supremo, com o elevado. Perdemos toda capacidade de admiração[...] Já é tempo de transformar nossa vida numa morada que valha mesmo a pena viver” (HAN, 2017, p. 128).

 

HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 2017. 136p.


segunda-feira, 2 de novembro de 2020

DEPOIS DA MORTE É O FIM?


 


          A morte põe fim à vida humana. De um modo esperado ou não ela chega acarretando dor, saudade ou culpa. Esse se dúvida é o grande mistério da vida.

          Nas Sagradas Escrituras, a morte é encarada sob o enfoque da fé. Através da relação com Deus podemos compreender com profundidade o sentido do viver e do morrer. Ele não é o autor da morte (Sb 2, 23-24) e não odeia nada do que criou (Sb1, 13; 11, 24-26).

“Deus é o fim último das criaturas: Ele é o Céu para quem o alcança, o inferno para quem o perde, o juízo para quem por Ele é examinado, o purgatório para quem por Ele é purificado. Ele dirigiu-se ao mundo por meio de seu filho, Jesus Cristo, a síntese das coisas últimas.”

 

          No Antigo Testamento se esperava pelo Dia do Senhor. Evento onde Deus iria consolar o povo de Israel de seus sofrimentos. Com o tempo os profetas vão descobrindo que este Dia está associado à chegada de um personagem misterioso: o Messias, o filho do homem. No Novo testamento esse Messias é Jesus Cristo, o centro da história humana, nossa finalidade e futuro. Somente na união com Ele e transformados pelo Espírito Santo é que seremos felizes, tanto no nosso corpo como na alma.

          Se em vida procuramos a Deus, buscamos o arrependimento dos pecados e abramos nosso coração ao seu amor, após a morte estaremos num estado de felicidade suprema e definitiva chamado de Céu[CIC 1225]. Mas se morrermos sem nos arrepender de nossas faltas, sem acolher o amor misericordioso de Deus estaremos separados Dele. Este estado de autoexclusão definitiva da comunhão com Deus é chamado de Inferno[CIC 1033].

          Deus não quer que ninguém se perca, mas que venham a converter-se. A ida para o inferno se dar pela insistência no erro até o fim.

          Faz parte da fé católica rezar por aqueles que não tiveram tempo de se arrepender de seus pecados para que Deus os absolva (2Mc 12, 46). A Igreja recomenda esmolas, indulgências e penitência em favor dos defuntos.

*****

          Antes se acreditava que todos iam para a mansão dos mortos, o Sheol, e que as recompensas seriam recebidas aqui na Terra. Riqueza, vida longa e filhos aos bons; e morte trágica, pobreza e esterilidade aos maus. Com Jesus tudo muda com a Ressurreição.

          A Ressurreição é a passagem desta vida terrena para uma vida celestial, plena.

          “Todos ressurgirão com os corpos de que agora estão revestidos para receber, de acordo com suas obras boas ou más, uns, a pena eterna e outros a glória eterna com Cristo.”

Concílio de Latrão IV

 

Fontes:

COSTA, Dom Henrique Soares da. Escatologia: sobre o fim do mundo. 3ª ed. Lorena: Cléofas, 2018. 128p.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA (CIC). Edição típica Vaticana. Editoras Loyola e Paulinas, São Paulo, 2000.


domingo, 11 de outubro de 2020

O CASAMENTO CRISTÃO NAS PALAVRAS DE SÃO JOÃO PAULO II

 


       Em Teologia do Corpo (antes catequeses apresentadas entre 05/09/1979 a 28/11/1984) São João Paulo II orienta a homens e mulheres que querem um casamento sendo Cristo o centro.

“A vida conjugal é uma experiência de solidão dupla, mas ao mesmo tempo uma experiência de encontro recíproco.” p. 14, 2014.

          O matrimônio é o cumprimento da vocação, do chamado de Deus. Ele criou o homem e a mulher para ficarem juntos e se tornarem um só. O homem é solitário por ser diferente das outras criaturas, por isso a mulher veio para auxiliá-lo e lhe fazer companhia. O masculino se completa no feminino. A essência de cada um se realiza quando um vive para o outro.

          Infelizmente fica difícil de falar (e acreditar) no casamento hoje em dia. Seu significado nunca foi tão deformado pela “trindade” que guia o mundo de hoje: a sensualidade, a sedução das aparências e o orgulho da posse de bens. Nos transformamos em objetos de apropriação. O “desejo do corpo” se manifesta mais forte que o “desejo da razão”. Engana o coração e se apodera da vontade dominando a possibilidade de escolher e decidir.

          O homem e a mulher devem abrir-se ao poder do Espírito Santo. É por meio da força da Palavra de Deus que ambos conseguem libertar-se dos influxos do maligno. O conhecimento do significado do corpo é importantíssimo. É o sinal visível do invisível (Deus). Por isso é sagrado. A vivência da castidade ajuda a pessoa a se dominar, controlar e orientar os estímulos de caráter sexual. Humanamente hoje em dia viver casto parece difícil, mas com o poder de Deus tudo é possível. Afinal, consigo expressar amor autêntico quando sou livre e domino a mim mesmo.

          O que mantém os esposos unidos é a força proveniente do Espírito Santo que purifica, vivifica, confirma e aperfeiçoa o amor infundido em seus corações. Buscar o auxílio divino na oração; colher o amor na Eucaristia; vencer com perseverança humilde as próprias faltas e pecados na confissão ajudam a passar do erro à verdade e a retornar a Deus.

          No casamento devem-se ter manifestações afetivas: carinho, admiração, atenção e etc. Sexo é uma manifestação de afeto. Também de abertura para vida quando se há paternidade e maternidade responsáveis.

 

 Fontes:

BÍBLIA DE JERUSALÉM. Primeira Carta de São João 2,16. São Paulo: Paulus, 2002.

JOÃO PAULO II, São. Teologia do Corpo: o amor humano no plano divino. Campinas-SP: Ecclesiae, 2014. 602p.


domingo, 6 de setembro de 2020

JANELA INDISCRETA ( REAR THE WINDOW, 1954)

 


Alguns filmes lançados há muito tempo conseguem trazer reflexões para a nossa época. Janela Indiscreta é um deles.

O fotógrafo L. B. Jeff quebra uma das pernas num acidente de trabalho e precisa ficar alguns dias confinado numa cadeira de rodas. Impossibilitado de se mover, passa o dia a “bisbilhotar” a rotina de seus vizinhos (que mantém as janelas abertas devido as enormes ondas de calor) até desconfiar que um deles cometeu um assassinato. Com a ajuda de sua bela namorada Lisa Carol Fremont e da enfermeira Stella começa a investigar para ter certeza de suas suposições.

Ligados 24h nas redes sociais.

Sem stories, atualizações, postagens, curtidas ou comentários... apenas observando.

Neste novo mundo se estar à mercê da opinião alheia. Velada ou manifesta.

É a geração dos curiosos.

Olha-se de alguma maneira e com alguma intenção.

Não se sabe o que se passa na cabeça de ninguém, mas é precipitado aquele(a) que tira conclusões com base apenas naquilo que  ver.

O que o outro faz não é da minha conta, desde que não seja algum crime.

De Alfred Hitchcock. Com James Stewart, Grace Kelly, Thelma Ritter, Raymond Burr e Wendell Corey. EUA, 1h55min.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

O QUE SE APRENDE COM SANTA CATARINA DE SIENA?




          A experiência que um Santo (do latim sanctu que significa sagrado) católico tem com Deus marca sua vida e a de muitas pessoas. Por que conhecê-los? Saber da vida de alguém que viveu séculos atrás pode não ser tão atrativo. Mas ajuda a entender a maneira de se viver o evangelho de Cristo e de como era (ou é) o mundo que vivemos.

O que se aprende com a vida de Santa Catarina de Siena?

1.  A iniciativa é sempre de Deus.

2. “sou aquilo que não é e Jesus é aquilo que é”.

3.  O amor próprio gera morte, escuridão e guerra enquanto o amor a Deus e ao próximo, vida, luz e paz. Nele somos conduzidos a um caminho de verdade onde vai da amargura à consolação.

4.  Uma coisa é conhecer a verdade. Outra é viver e sentir a verdade quando é difícil e dolorosa. Nossos corações feitos de sangue se recusam a obedecer.

5.  Fazer aquilo que se acredita ser a vontade de Deus é correr o risco de sofrer com incompreensões, difamações e oposições.

6.  Os Santos suportavam grandes tentações por amor a Jesus.

7.  Ele atende nossas súplicas.

8.  Podemos amá-lo mesmo que de maneira imperfeita.

 

        Catarina foi uma das filhas de Tiago Benincasa e Lapa Piagente. Nasceu em 25/03/1347. Sua vida mudou para sempre quando aos 6 anos viu de cima de um telhado de igreja Jesus, Pedro, João e Paulo. Na idade certa entrou na Ordem Terceira de São Domingos como umas das irmãs de Penitência. Catarina recebeu os estigmas de Cristo e tinha constantes êxtases (Estado psíquico quando a pessoa se encontra imóvel como que “transportada” para fora de si e do mundo sensível. No meio espiritual é uma Graça concedida por Deus a uma pessoa que durante a oração se sente intimamente ligada a Ele). Convenceu o Papa Gregório XI a retornar a Santa Sé romana dando fim ao período do Papado de Avinhão ou Cativeiro de Avignon.

 

          Devido as fortes penitências faleceu em 29/04/1380 aos 33 anos. Foi canonizada em 1461 pelo Papa Pio II. Declarada doutora pelo Papa Paulo VI em 1970.

UNDSET, Sigrid. Catarina de Siena: biografia de uma santa. Tradução: Pablo Pinheiro. Dois Irmãos, RS: Minha biblioteca católica, 2019. 368p.


sexta-feira, 3 de julho de 2020

AMAR, VIVER, ESCREVER





Ainda se olha a velhice como sinônimo de que “o fim estar chegando”. Também podera, quem gosta de conviver com doenças, de ser esquecido pelas pessoas que ama, de ser um “peso” para os outros? Realmente, ninguém. Contudo se o desamor pela vida surge de um lado, o amor surge do outro. De onde menos se espera. Sempre se muda quando se descobre uma nova perspectiva.


          Este livro ganhou destaque antes mesmo da leitura. Fiz o pedido diretamente com a autora. Pela distância geográfica (moramos na mesma cidade, Teresina-PI) não deveria demorar tanto para chegar em casa. Mas demorou e muito!

          Depois de um mês, a autora já ia me entregar outro, dessa vez ia recebê-lo em mãos por uma amiga sua. Chegando ao local indicado ela não estava. Teve que viajar às pressas para resolver assuntos familiares. O livro ficou dentro de uma sala que só ela possui a chave. Pensei: “Esse livro deve ser muito bom para tudo isso estar acontecendo”.

          Ao chegar em casa (no mesmo dia) recebo a notícia de minha irmã que chegou o livro (não, não é uma pessoa com esse nome). E era ele! Um mês depois! Detalhe, os correios não entregou em mãos para receber a assinatura. O livro estava jogado na calçada. Isso mesmo, o livro foi arremessado!  Ainda bem que o rufus (o cachorro de casa) não gosta de ler.

          E o conteúdo? Bem para ser lido qualquer autor(a) precisa abordar temas que faz parte da vida dos leitores. Isso é facilitado quando há assuntos diversos numa mesma obra. O que se percebe de comum nos textos? O olhar da vida com uma lupa. Quando se percebe os detalhes nossos e da Vida algo profundamente muda. Com lamentos se ver a escalada da violência (em todos os seus graus), a maldade, a ambição desmedida, o preconceito, as injustiças e a solidão idem.

          Mesmo assim a graça da vida não se perde. Ainda há coisas boas para se viver e elas nos empurram para frente. São coisas que o dinheiro não compra e o ladrão não leva.


TARGINO, Maria das Graças. Amar, viver, escrever. Nova Aliança: Teresina-PI, 2019. 326p.

Maria das Graças Targino escreve mensalmente em:https://www.ofaj.com.br/colunistas.php?cod=29

quarta-feira, 3 de junho de 2020

DOIS MUNDOS QUE NÃO SE MISTURAM



A grande expectativa dos fãs quando Smallville estreou já no longínquo 2001 era saber como Clark Kent e Lex Luthor se tornariam inimigos. Demorou... veio no 16º episódio da 7ª Temporada. No diálogo de embate entre ambos ficou evidente que eram diferentes desde princípio. A começar pelo modo de criação paternal. Ambos lutavam contra seus destinos programados pelos seus pais biológicos. Mas a maneira como Clark e Lex lidavam com suas dúvidas e conflitos eram bem diferentes.  

Depois do fim da amizade, ocorrida na 5ª temporada, o encontro de cada um se tornou emblemático. Palavras regadas de desconfianças, mágoas, sinceridades e acusações mútuas.

A cada nova situação que surgia na história trazia à tona uma nova pessoa dando indícios do que faria a partir dali. Lex poderia ser uma boa pessoa, mas não quis. Fechou seu coração ao amor e sentiu-se traído e roubado por tudo e por todos. Morria o Alexander e nascia um homem sem inibições e escrúpulos capaz até de matar.

Clark ainda teimava em não cumprir sua verdadeira missão na Terra (que era salvar a humanidade de sua extinção). A presença de sua família kryptoniana só atestava que nunca seria humano. E que tinha que aprender a conviver com os erros cometidos; a dividir responsabilidades; a se abrir um pouco e saber que existem pessoas fazendo o bem além dele. O amor foi a chave para Clark se manter no caminho certo, de acreditar nas pessoas e em si mesmo.

Clark e Lex simbolizam a bondade e a maldade. O que acolhe e o que recusa o amor. Sendo assim o destino deles não vai terminar de modo amigável e pacífico (se levarmos em conta a conversa no último capítulo da série). Ali se descartou qualquer chance de reconciliação.


Smallville (2001-2011) foi desenvolvido originalmente por Alfred Gough e Miles Millar.

domingo, 3 de maio de 2020

CHRISTUS VIVIT (CRISTO ESTÁ VIVO)




Se perdeste o vigor interior, os sonhos, o entusiasmo, a esperança e a generosidade, Jesus exorta: Jovem, eu te digo, levanta-te! (Lc7,14). Ele mostra outros sonhos que este mundo não oferece.”
Papa Francisco

          Os ventos da mudança... Aquela paciência, disposição e vontade se vão; O que era engraçado não é mais; O que era interessante não é mais; A memória só serve para trazer algo não muito alegre.

           É fácil cair na tentação da melancolia. De não querer saber, de querer fugir, de não querer ouvir, de achar que sabe, de sempre estampar uma cara de revolta, de querer insistir em algo que não dará certo.

          O mundo é um lugar que muitas vezes expõe seus perigos. As falsas seguranças. A cultura do provisório. O mundo virtual que estimula a vida dupla, a busca pelo prazer vazio, a vontade de se isolar e guardar tudo para si...

          Papa Francisco neste exortação apostólica fala do mundo. Também fala de Jesus. O filho de Deus é capaz de dar a paz tão almejada, a cura tão esperada e a presença constante em meio ao abandono. O grande desafio é procurar viver a vida que Ele propõe. Buscar ouvir a sua voz. Deixar escrever sua história de amor.................... Deixar-se ser uma nova pessoa.   

          “NECESSITAS DE AMOR? Não estará na devassidão, no uso dos outros. Encontrará de uma maneira que verdadeiramente te fará feliz. BUSCA INTENSIDADE? Não está no acúmulo de objetos, no gasto de dinheiro ou correndo atrás das coisas do mundo.”

Papa Francisco

          “A vida na terra atinge plenitude quando se transforma em oferta. Se aprende e amadurece ao fazer contato com o sofrimento do próximo[...] Quem são as pessoas que a sociedade descarta e exclui?[...] Nas pessoas mais humildes pode-se descobrir valores que não se via.”
Papa Francisco

FRANCISCO, Papa. Exortação apostólica pós-sinodal Christus Vivit: para jovens e para todo o povo de Deus. 2 ed. Brasília: edições CNBB, 2019. Documentos Pontifícios, 37. 128p.

terça-feira, 14 de abril de 2020

TRANSFORMANDO A TRAGÉDIA PESSOAL EM TRIUNFO




          Viktor E. Frankl (1905-1997) sobreviveu a quatro campos de concentração nazista durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) para elaborar a Logoterapia. Trata-se de terapia aplicada com base num modelo psicológico-antropológico onde a pessoa busca o sentido de sua vida. Defende que somos capazes de suportar tudo o quanto desde que tenha um sentido.

“Quem tem por que viver suporta quase qualquer como

Nietzsche

          O sentido da vida pode ser descoberto a partir de três maneiras:

1. Executando alguma tarefa.
2. Amando alguém ou se dedicando a uma causa.
3. Encontrando sentido num sofrimento inevitável.

         O que importa é o sentido específico da vida de uma pessoa em dado momento. Cada um tem sua própria vocação, sua missão específica na vida; e precisa executar uma tarefa concreta. A pessoa não pode ser substituída, nem sua vida pode ser repetida. (FRANKL, 2019, p. 133).

          Temos uma responsabilidade a assumir e saber o que a vida espera de nós. Não consiste em fazer o que os outros fazem ou o que dizem que temos que fazer. Não se trata também da busca de realizações e glórias, nem tão pouco fugir da dor ou procurar se adaptar aos “parâmetros” da vida. Mas ser livre de buscar objetivos que valem a pena.

          A falta de sentido na vida desemboca na busca desenfreada por prazeres sexuais ou nas drogas. Amar uma pessoa é enxergar suas potenciais capacidades e ajudá-la a desenvolvê-la. “É esquecer de si mesmo procurando doar-se.” A busca pelo prazer só resulta em frustrações e fracassos.

          Em alguns momentos na vida somos acometidos por situações dolorosas que nunca escolhemos. E por tensões daquilo que se é e deveria ser ou aquilo que já se alcançou e deveria alcançar. Parece que o sofrimento não terá fim e que nada mais vale a pena...

           É quando sem esperar muita coisa da vida que algo acontece. Dentro de nós se abre novos horizontes e vemos algo que vale a pena viver.

“Diante de uma situação que não posso mudar, sou desafiado a mudar a mim mesmo.”

Viktor Frankl




FRANKL, Viktor E. Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração. 45ª ed. Tradução de Walter O. Schlupp e Carlos C. Aveline. Rio Grande do Sul/Rio de Janeiro:  Sinodal/Vozes, 2019. 184p.


quinta-feira, 12 de março de 2020

INSÔNIA (INSOMNIA)




        Os policiais Will Dormer (Al Pacino) e Hap Eckart (Martin Donovan) são mandados a pequena cidade de Nightmute no Alaska para ajudar a polícia local na investigação do assassinato de uma adolescente de 17 anos. Na perseguição ao suspeito, Will atira e mata acidentalmente Hap. Will não assume a culpa, porém passa a ser chantageado por um homem que testemunhou o que ele fez. Além disso, começa a ficar emocionalmente instável devido ao sentimento de culpa, o que causa nele ter insônia.

Pegue um diretor que na época estava em ascensão (Christopher Nolan). Junte com um bom trio de vencedores do Oscar (Al Pacino, Robin Williams e Hilary Swank). Acrescente-os a uma narrativa de investigação policial situada numa cidade fria em que certa época do ano o Sol pode ser visto 24h por dia. O resultado é bom filme. Não um grande filme, mas bom.

Diante de um erro, o que se deve fazer? Reconhecer ou negar? O que é importante, a reputação ou a descoberta da verdade? Qual o valor da vida de alguém? O juízo do certo e errado podem se misturar quando o medo de perder é grande. Na resolução de erros próprios escolhe aquele onde se saíra perdendo menos.

Só que a consciência “acusa” que é muito difícil viver tranquilamente com um grande erro e que não dá pra enganar todos por muito tempo. O corpo e os sentidos refletem de alguma maneira o conflito interior. Se o personagem principal usasse o justo juízo, o reconhecimento do erro traria paz e alívio do que inquietação e culpa.

EUA, 2002, 1h58min.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

PENSAR É TRANSGREDIR




LUFT, Lya. Pensar é transgredir. 17 ed. Rio de Janeiro, Record: 2015. 185p.

            Difícil falar de um livro onde constam todas as palavras mesmo antes de pensar nelas! Os variados textos de fato nos levam a pensar. Parece que a autora fala conosco. E num rápido momento paramos. Silenciamos. Escutamos. Saímos um pouco dos nossos mesmos pensamentos e damos de encontro com outros.  Com situações que talvez nunca vivamos. Ou viveremos, quem sabe?

            Separei algumas citações de realidades que ainda nos inquietam e nos pedem sim, muita reflexão. Sendo bem ousado em resumir este livro o que há de comum na maioria dos textos é o quanto o excesso de informação atrapalha: a decidir, a ser, a se comunicar e inclusive a pensar.

O que preciso para viver a vida?

“Não é preciso realizar nada de espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado [...] Para viver de verdade é preciso ser amado, amar e amar-se.” (LUFT, 2015, p.23).

Relacionamento perfeito?

“O perfeito não existe, mas tem a ver com querer se ligar a alguém e querer continuar ligado. Cada dia, ao acordar, fazer de novo a escolha: eu quero mesmo é você comigo”.
“Que o relacionamento não seja prisão, mas que seja vida, crescimento, libertação, ajuda mútua, não fiscalização e condenação”.

“O entendimento recíproco é um oásis no isolamento desta nossa vida pressionada por tempo, dinheiro, regras, trabalhos, grupo social, realidades do mundo”. (LUFT, 2015, p.33, 35, 39).

Limites...

“As questões humanas são complexas [...] Na maior parte das vezes temos de nos contentar com o que podemos realizar ou pensar.” (LUFT, 2015, p. 81).

Velhice...

“Para a maioria, ela traz a marca da incapacidade, do feio, da deterioração [...] A possibilidade de ter qualidade de vida, projetos, ternura [...] é real, desde que levando em conta as limitações de cada período”.

“Quando não puder mais realizar e nem fazer nada na vida ainda se pode exercer afetos, ler bons livros, observar a humanidade que nos cerca”. (LUFT, 2015, p. 93)

Comprar...

“Comprar não é um dever quando não se trata do indispensável ou de que faz bem. Comprar pode ser e tem sido em grande parte moda, mania, quase neurose.” (LUFT, 2015, p. 81)

Prioridades...

“Bem que a gente poderia fazer uma reforma de nossas prioridades. Cada um que examine o baú de suas prioridades e faça a arrumação que quiser ou puder. Que seja para aliviar a vida, o coração, o pensamento. Não para inventar de acumular mais compromissos” (LUFT, 2015, p. 116)

E quando os relacionamentos acabam?

“Relacionamentos mudam ou se desgastam[...] e a família[...] abre as portas e janelas para novas maneiras de se relacionar mesmo depois que o casamento termina. Tudo o que se viveu de bom ou ruim liga para sempre, se foi intenso e prolongado. Nem divórcios, nem a morte apagam a presença do outro que [...] há de continuar lançando sua sombra boa ou negativa”.

“Será preciso de tempo, descoberta e cultivo de outros interesses, abertura a novos afetos para que essa ferida feche. [...] Por outro lado, nada cresce bem no terreno de um relacionamento ruim, vivendo de silêncios ressentidos, críticas pronunciadas ou abafadas. Isolamento e indiferença pode ser uma condenação”. (LUFT, 2015, p.47)

Somos superficiais?

“Além de aflitos e desorientados pelo excesso de informações inúteis somos muito superficiais. Falta-nos o hábito de observar e refletir. Assustados com responsabilidades, escolhas e decisão, despreparados como adolescentes, nos desviamos do espelho que faz olhar para dentro de nós. Cada vez mais amadurecemos tarde e mal. Somos crianças tendo crianças”. (LUFT, 2015, p.172)

Crises...

“Crise é bom para fazer pensar ou repensar muita coisa.” (LUFT, 2015, p. 173)

Discernir e escolher...

Discernir e escolher fica difícil, porque o excesso de informação nos atordoa, a troca de mitos nos esvazia, a variedade de solicitações nos exaure. Para ter algum controle nessa vida é necessário descobrir quem somos ou queremos ser à revelia dos modelos generalizantes. (LUFT, 2015, p.178)

Pensar...

Pensar tem sido algo chato e muitas vezes torturante.


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