domingo, 10 de junho de 2018

O TRABALHO É MINHA VIDA E MINHA VIDA É O TRABALHO?




            As coisas se inverteram. O local de trabalho se tornou nossa casa, os colegas nossa família e o emprego nossa vida. Passamos muito tempo no trabalho. Dedicamos todas as forças a ele. E em casa nem sempre há um ambiente acolhedor. Seguindo esse ritmo não percebemos a vida passar.

          O custo de vida vem aumentando demais. Isso nos impõe a um ritmo de vida dedicado exclusivamente ao trabalho. Precisa-se de dinheiro para mudar de vida. E para ganhar muito é necessário trabalhar muito. Para conseguir abdicamos de muitas coisas e ficamos sem tempo: para nós, para os outros e até para Deus. As deficiências sem fim dos serviços públicos; a violência crescente e a corrupção na política nos obrigam a arriscar. Não queremos ver nossos entes queridos passando por necessidade.

          A vida cobra muito e ela não vem ensinando a frear e equilibrar. A vida pessoal quase não existe e não há momentos para externalizar emoções. Chegamos cansados em casa e não queremos realizar nenhuma atividade nem tão pouco conversar. Queremos “desopilar”. Ficar de olhos no celular, na TV, curtindo o “nada para fazer”. Aqueles que vivem na casa acabam se tornando hóspedes. Os vocabulários são bem econômicos.

          Alguns se realizam no trabalho. Outros nem tanto. Na empresa privada oferece o crescimento profissional. Que pode vir acompanhado de humilhações e esforços em vão. No serviço público existe a estabilidade financeira. Mas também pode vir acompanhada da monotonia da repetição do trabalho. Os dilemas nunca vão acabar. Vale tudo por dinheiro? Até onde vai a ambição? Meu objetivo é mais importante que tudo?

          Há possibilidades de reescrever a história. Só que sem ajuda não se chega a lugar algum. Muito menos sem ânimo, disposição, tempo e dinheiro. Faz parte da vida. Mas também faz parte querer arriscar ou ficar estagnado e conformado.



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