Durante as 158 páginas de Perdas e Ganhos, publicado originalmente em 2003, Lya Luft (1938-2021) fala de muita coisa. Mas não fica em cima do muro. Critica uma vida superficial, com propósitos vazios ou decisões alheias; Incentiva um olhar interior e a busca pela verdade; aponta possibilidades de ser feliz em meio a tristezas; discorre que a criação, o ambiente familiar, disposição genética e situações do momento são definitivas para nos formar como pessoa.
Na vida de alguém que vem atravessando o tempo em seu coração podem conter dores e alegrias. Mas também sabedoria. Aquela(s) palavra(s) que mexem nossos sentimentos e nos faz refletir e querer ser uma pessoa diferente.
LIMITES...
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Ninguém
tem o luxo de fazer o que se gosta. Fazemos motivados pela sobrevivência.
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Faço
o que sei e o que posso fazer.
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Cada
um com seu caminho e singularidades.
QUAL NOSSO
TEMPO?
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Nosso
tempo é o tempo presente.
NÃO CULPAR...
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Não
se culpar, mas pensar: “Naquele momento e circunstância fiz o melhor que eu
podia.”
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Não
adianta culpar nossos pais. Eles procuraram fazer o melhor até onde a situação
permitia.
PARA SE FORMAR UM
INDÍVIDUO
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Para
se ter uma personalidade equilibrada não precisa de muita instrução e nem de
bens materiais.
DE ONDE VEM A
DECISÃO?
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Uma
decisão nasce de uma perspectiva interior. “Na escolha de um parceiro opto pelo
que julgo merecer”. Está conforme aos meus desejos mais obscuros.
AMADURECER É...
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Amadurecer
é ter novo olhar, na lucidez de certo distanciamento, permite compreender
aspectos nossos e alheios antes obscuros.
UMA DAS MAIORES
FRUSTRAÇÕES...
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Um
dos motivos de nossas frustrações, homens e mulheres é vivermos numa cultura
que idolatra a juventude e endeusa a forma física além de qualquer sensatez.
DE ONDE VEM O
SOFRIMENTO?
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Sofrimento
vem da falta de comunicação e encontros.
CONSEQUENCIAS DA
FRIEZA...
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Somos
tão frívolos que nos tornamos incapazes de amar a vida tal como nos é dada e
conquistada em cada estágio. Somos dominados por uma inquietação que não é
aquela positiva que nos leva a produzir, a nos abrirmos para novidades, mas
agitação infantil de quem nunca se contenta porque não se encontra. Por isso se
fragmenta e se perde.
O QUE MAIS QUEREMOS?
Nossa obsessão atual
é, antes mesmo de dinheiro e posição social, a aparência física. Então viver
não é avançar, mas consumir-se e definhar. No entanto, faz parte de crescer que
na infância meus ossos se alonguem, que meu sapato não seja mais tamanho 25.
Faz parte crescer que na maturidade o corpo mude e siga se transformando mais.
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Buscamos
as mesmas coisas: afetos, segurança, liberdade e parcerias.
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Olhar
que confere sentido ao mundo.
O QUE DEVERIA SER O
ESSENCIAL?
O essencial é que
nossa vida seja desdobramento e abertura. Que neste universo de mil recursos e
artifícios, de artefatos e inovações fantásticas, de agitação e efervescência,
eu consiga ainda ter o meu lugar, aquele onde me sinto bem, onde estou
confortável – não adormecido.
Onde eu possa ainda
acreditar: não faz muita diferença em quê, desde que não seja unicamente no
mal, na violência, na traição, na corrupção, no negativo.
Atualizado em 21/08/2022
FONTE:
LUFT, Lya. Perdas & ganhos. 40ª ed. Rio de
Janeiro: Record, 2017. 158p.