O neurocientista e
pesquisador William Struthers explica como a pornografia afeta o cérebro e o
que podemos fazer a respeito. Aqui vou colocar apenas alguns pontos, pois a
abordagem do livro é ampla.
O ambiente virtual tornou a
pornografia ao alcance de muitos
(basta ter um celular em mãos); mais acessível
(tem vários vídeos que são gratuitos); e que permite ao anonimato (ninguém sabe que você assiste). As recentes produções
representam de tal maneira a relação sexual que chegam a rivalizar com o ato
real. Elas tendem a ser mais atrativas aos homens, pois seus cérebros funcionam
diferente do das mulheres.
Devido a exposição repetida à pornografia, a imaginação masculina fica sexualizada. A fantasia mental que ela possibilita cria um cérebro que constantemente estimula a produção de testosterona e aumenta o desejo sexual.
A pornografia altera o funcionamento do
cérebro dos homens de tal forma que implica em alguns efeitos negativos:
1. Incapacidade
de ver as mulheres como se devia. Talvez ela seja a maneira mais fácil de
objetificar, degradar, dominar e consumi-las;
2. Diminuição de atitudes de amor em relação às
pessoas;
3. O
tempo gasto nela impede que o usuário se envolva em relacionamentos reais, com
pessoas reais (que possam atender melhor às suas necessidades), fazendo-o
buscar apenas as sensações;
4. Insatisfação
com o próprio corpo;
5. Busca
constante por materiais sexualmente explícitos;
6. Aumento
da vergonha e timidez;
7. Desinibição;
8. Perda
da liberdade sobre o que se pensa e busca;
9. Masturbação
compulsória. (Homens que se masturbam com muita frequência podem ter diminuição
das ereções, ejaculação precoce e dores testiculares).
Pornografia pode
ser usada como forma de compensar aquilo que doe ou é difícil de se
lhe dar(carência afetiva, timidez, estresse, rejeição, inadequação, desejos
não-correspondidos, solidão). Só que ela não resolve o problema. Na verdade, só
piora. Nosso cérebro não foi feito para receber altas doses de prazer. Ele
ativa um mecanismo de tolerância. Aquilo que dava muito prazer no começo, agora
já não dar mais. O usuário que assistia as cenas “leves” passa para as cenas
mais pesadas e violentas para “recuperar” a excitação.
No final das contas, a
pornografia gera um homem confuso moral e emocionalmente, tornando-o incapaz de
encontrar satisfação na maneira como foi criado para encontrá-la.
A verdadeira necessidade do homem (e de todos
nós) é a intimidade, ou seja, conhecer e ser conhecido. O cérebro é o órgão com o qual pensamos e
determinamos o agir. À medida que passamos pela experiência (ou direcionamos
nossas vontades com aquilo que é bom), nossos pensamentos, comportamentos e
emoções são modificados.
Nossa cultura distorce a
compreensão sobre sexo. Limita nossas capacidades e dão força para pornografia
sequestrar nossa mente e direcioná-la para pensamentos e ações que nos afastam
de nós mesmos(e de Deus). Sexo é algo íntimo e privado. O ato sexual existe
para ser parte de um relacionamento. A intimidade sexual entre marido e mulher
não deve ser um ato público.
A vida passa a ter
significado e realização quando se desenvolve outras áreas (personalidade,
espiritualidade, capacidades). Sem valores e noção de nossa importância
ficaremos perdidos.
“A sexualidade humana
permite explorar o mistério, a beleza, a diversidade e complexidade da vida
humana e formar laços de intimidade mais profundos.” (STRUTHERS, 2022, p. 179).
STRUTHERS, William M. Programados para intimidade: como a
pornografia sequestra o cérebro dos homens. Tradução de Alessandro Demoner
Ramos e Gustavo Lopes. Fundão, ES: Edições Cristo e Livros, 2022. 222p.
Título original: Wired for intimacy: how pornography hijacks
the male brain.