quinta-feira, 1 de junho de 2023

PROGRAMADOS PARA A INTIMIDADE: COMO A PORNOGRAFIA SEQUESTRA O CÉREBRO DOS HOMENS


 

O neurocientista e pesquisador William Struthers explica como a pornografia afeta o cérebro e o que podemos fazer a respeito. Aqui vou colocar apenas alguns pontos, pois a abordagem do livro é ampla.

O ambiente virtual tornou a pornografia ao alcance de muitos (basta ter um celular em mãos); mais acessível (tem vários vídeos que são gratuitos); e que permite ao anonimato (ninguém sabe que você assiste). As recentes produções representam de tal maneira a relação sexual que chegam a rivalizar com o ato real. Elas tendem a ser mais atrativas aos homens, pois seus cérebros funcionam diferente do das mulheres.

Devido a exposição repetida à pornografia, a imaginação masculina fica sexualizada. A fantasia mental que ela possibilita cria um cérebro que constantemente estimula a produção de testosterona e aumenta o desejo sexual. 

A pornografia altera o funcionamento do cérebro dos homens de tal forma que implica em alguns efeitos negativos:

1.    Incapacidade de ver as mulheres como se devia. Talvez ela seja a maneira mais fácil de objetificar, degradar, dominar e consumi-las;

2.     Diminuição de atitudes de amor em relação às pessoas;

3.    O tempo gasto nela impede que o usuário se envolva em relacionamentos reais, com pessoas reais (que possam atender melhor às suas necessidades), fazendo-o buscar apenas as sensações; 

4.    Insatisfação com o próprio corpo;

5.    Busca constante por materiais sexualmente explícitos;

6.    Aumento da vergonha e timidez;

7.    Desinibição;

8.    Perda da liberdade sobre o que se pensa e busca;

9.    Masturbação compulsória. (Homens que se masturbam com muita frequência podem ter diminuição das ereções, ejaculação precoce e dores testiculares).

Pornografia pode ser usada como forma de compensar aquilo que doe ou é difícil de se lhe dar(carência afetiva, timidez, estresse, rejeição, inadequação, desejos não-correspondidos, solidão). Só que ela não resolve o problema. Na verdade, só piora. Nosso cérebro não foi feito para receber altas doses de prazer. Ele ativa um mecanismo de tolerância. Aquilo que dava muito prazer no começo, agora já não dar mais. O usuário que assistia as cenas “leves” passa para as cenas mais pesadas e violentas para “recuperar” a excitação.

No final das contas, a pornografia gera um homem confuso moral e emocionalmente, tornando-o incapaz de encontrar satisfação na maneira como foi criado para encontrá-la.

 A verdadeira necessidade do homem (e de todos nós) é a intimidade, ou seja, conhecer e ser conhecido.  O cérebro é o órgão com o qual pensamos e determinamos o agir. À medida que passamos pela experiência (ou direcionamos nossas vontades com aquilo que é bom), nossos pensamentos, comportamentos e emoções são modificados.

Nossa cultura distorce a compreensão sobre sexo. Limita nossas capacidades e dão força para pornografia sequestrar nossa mente e direcioná-la para pensamentos e ações que nos afastam de nós mesmos(e de Deus). Sexo é algo íntimo e privado. O ato sexual existe para ser parte de um relacionamento. A intimidade sexual entre marido e mulher não deve ser um ato público.

A vida passa a ter significado e realização quando se desenvolve outras áreas (personalidade, espiritualidade, capacidades). Sem valores e noção de nossa importância ficaremos perdidos.

“A sexualidade humana permite explorar o mistério, a beleza, a diversidade e complexidade da vida humana e formar laços de intimidade mais profundos.” (STRUTHERS, 2022, p. 179).

 

STRUTHERS, William M. Programados para intimidade: como a pornografia sequestra o cérebro dos homens. Tradução de Alessandro Demoner Ramos e Gustavo Lopes. Fundão, ES: Edições Cristo e Livros, 2022. 222p.

Título original: Wired for intimacy: how pornography hijacks the male brain.

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