terça-feira, 18 de agosto de 2015

MAGNÓLIA


“Big Earl Partridge (Jason Robards) é um produtor de TV a beira da morte que deseja reencontrar o filho. Phil (Phil Seymour Hoffman) é seu dedicado enfermeiro e Linda (Juliane Moore), sua jovem esposa. Frank (Tom Cruise), um célebre guru machista, é o filho que Big Earl procura. Jimmy Gator (Philip Baker hall) é apresentador do famoso programa de TV que também está com câncer  procura se entender com sua filha Claudia, viciada em cocaína. Stanley é um garoto-prodígio manipulado pelo pai oportunista. E Donnie Smith (William H. Macy) é um ex-gênio que fez fama no mesmo Quis Show e hoje está falido. O ponto em comum entre esses personagens? Todos vivem num bairro em Los Angeles cortado por uma rua chamada Magnólia, onde muitas surpresas podem ocorrer.”

            Somos tão frágeis. Não existe um escudo forte. Não existe o bem capacitado, o imbatível, o preparado. O que há dentro do coração é um ser pequeno e muito sensível que às vezes pode ser destruído pelas situações da vida.

Não é fácil passar por um momento ruim. Ninguém está preparado. Tenta-se mudar, enfrentar. Tornamo-nos pessoas até desagradáveis e difíceis para esconder nossas maiores vergonhas: a pequenez e a dor.


As diferenças podem está nos olhos, no cabelo, na aparência e na personalidade. Agora no aspecto de amar e ser amado, somos todos iguais. Erramos e tem horas que erramos feio, ainda mais quando não nos amamos. Mas vindo à  tona a verdade, buscamos o arrependimento e redenção. A velha tentativa de ser o melhor sem destruir ninguém e nem a si mesmos.

De Paul Thomas Anderson, EUA, 1999, 3h08min.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

O IRMÃO DE ASSIS



Se viver consiste em acreditar em algo, é preciso conhecer pessoas mostrando que acreditar é preciso. Que é possível viver acreditando e será possível dar a vida acreditando. Essas pessoas guardam um mistério onde se torna fascinante e estimulante querer saber a vida delas. Como elas viveram? Como conseguiram? Como suportaram? Seus atos inspiram e seus nomes e obras atravessam o tempo. Apresento aqui um pouco da vida de Giovanni di Pietro di Bernardone.

           
            Deus? Quem é Deus? Uma invenção? Uma história?


O que dizer? Às vezes muito é se dito quando é pouco falado. As palavras têm o poder de “balançar as estruturas”. Tem se a história, os ensinamentos, os dramas, as vitórias, as experiências...


“Tudo começa com o despertar. Você acorda diante do fracasso. Ver que tudo pelo qual se lutou foi em vão. Não deu certo. Sozinho, preso, sem tantas coisas pra fazer. Apenas quieto. É  nessa hora que Ele aparece...”  LARRAÑAGA, 2007, p.12.


“Em toda adesão a Deus, quando é plena, esconde-se uma busca inconsciente de transcendência e de eternidade. Em toda saída decisiva para o Infinito, palpita um desejo de libertar-se da opressão de toda limitação e, assim, a conversão transforma-se na suprema libertação da angústia.”. LARRAÑAGA, 2007, p.12.


“Onde está o dinheiro não há lugar para outro Deus. Onde há dinheiro não há amor. O dinheiro corrompe os sentimentos, divide coração, dissocia famílias: inimigo de Deus e inimigo do ser humano.” LARRAÑAGA, 2007, p.72.


“A família e sociedade firmam os pés sobre o senso comum, sobre a plataforma do convencionalismo e necessidade às vezes naturais, às vezes artificiais: é preciso casar-se, ter filhos, ganhar dinheiro, construir um prestígio social... É difícil, quase impossível, ser livre nesse ambiente, e a pessoa que quer seguir Jesus até as últimas conseqüências precisa antes de tudo liberdade, e não há liberdade sem saída. LARRAÑAGA, 2007, p 73.”


“Deus está sempre no centro. Quando todos os revestimentos caem, aparece Deus. Quando os amigos desaparecem, os confidentes atraiçoam, o prestígio social é ferido a machadadas, a saúde vai embora, então aparece Deus. Quando todas as esperanças sucumbem, Deus levanta o braço da esperança. Quando os andaimes arriam, Deus transforma-se em apoio e segurança. Só os pobres possuirão a Deus.” LARRAÑAGA, 2007, p. 94


“Não sabia que rumo sua vida haveria de tomar. Esforçava-se apenas para ser fiel cada dia e vivia à espera da manifestação da vontade divina.” LARRAÑAGA, 2007, p. 119.


“O dinheiro classifica. Levanta muralhas de aço entre irmãos. A fama classifica e a beleza também. Que sobrará para todos os filhos de Deus que não têm dinheiro, beleza, títulos, saúde ou fama? Só o esquecimento e o desprezo...”  LARRAÑAGA, 2007, p.129.


“Uma pessoa pode não ter beleza, dinheiro ou bondade, mas pode ter fama. Nesse caso, o pólo de atração será a fama, que a fará rodeada e estimada. Outra pode não ter fama, beleza, simpatia ou bondade, mas pode ter dinheiro.  Nesse caso, o dinheiro vai ser o pólo de atração. Outras vezes vai ser a beleza e a simpatia. Pode faltar tudo, mas a bondade pode ficar como pólo de atração. [...] As pessoas nunca amam o homem puro. Amam as qualificações sobreposta às pessoas. LARRAÑAGA, 2007, p. 131”


“Esta noite eu vi em sonhos... [...] Estas poderosas torres de São João de Latrão começaram a curvar-se. O edifício inteiro começou a ranger e, quando parecia que as paredes da igreja iam ao chão, um homenzinho esfarrapado arrimou-a com os ombros, sustentou-a e impediu que a igreja viesse abaixo. E ainda estou vendo aquele mesmo esfarrapado. Eras tu, Francisco, filho de Assis.” LARRAÑAGA, 2007, p. 239.

                                                                                                              
Ninguém quer passar por ridículo. Receber zombarias, desprezos e humilhações. Quem seria capaz de renunciar suas riquezas e desejos de fama e glória? De tomar Deus como guia para o resto da vida?


Tinha chegado à conclusão de que na base de toda rebeldia há um problema afetivo. Os difíceis são difíceis porque se sentem rejeitados. Mas também sabia que é difícil  amar os não amáveis, e que as pessoas não os amam justamente porque não são amáveis, e que ficam menos amáveis ainda quanto menos são amados, e que a única coisa no mundo que pode curar o que se comporta mal é o amor. LARRAÑAGA, 2007, p. 261


Houve um problema profundo:

Onde está a vontade de Deus?

Houve um problema mais profundo:

Onde está Deus?

Houve um problema final:

Deus é ou não é?
                                                                               LARRAÑAGA, 2007, p. 310


A noite escura do espírito é um turbilhão que agarra e arrasta tudo para o abismo final. Parece que Deus nos abandonou e não atende os nossos chamados. Parece que a Palavra não tem sentido algum. Ficamos irreconhecíveis. Tudo nos deixa desanimados.


Só que é esse momento que Deus nos mostra que é Tudo. É o momento de purificação.


Como explicar?  É como se alguém descobrisse, de repente, que ele mesmo não passa de uma mentira que pregou a si mesmo, como uma brincadeira de criança em que cada um quer ver quem engana o outro, sabendo que todos estão enganando todo mundo.

Como explicar? É como um desdobramento da personalidade, como se, de repente, alguém descobrisse que estava enganado a si mesmo e que as duas partes de si mesmo sabiam que estavam enganando e sendo enganadas.
LARRAÑAGA, 2007, p. 314.


“Por que a ti? De acordo com as regras do mundo, tu, Francisco de Assis, não tens nenhum motivo para cativar a atenção popular. Não és bonito, por que todos querem ver-te? Não és eloqüente, por que todos querem ouvir-te? Não és sábio, por que todos querem consultar-te? Por que todo mundo corre a ti quando não tens nada para atrair? Qual é o segredo do teu fascínio?”
LARRAÑAGA, 2007, p. 276.


A coisa que amamos nos prende. Às vezes, fico em dúvida se é a coisa que nos prende ou nós que nos prendemos a coisa. Possivelmente, não há diferença entre um e outro. Quando aparece alguma ameaça para a coisa que amamos, isto é, quando surge algum perigo de que ela nos escape, nós a agarramos com mais força. Se o perigo aumentar, aumentará o nosso agarramento. Quanto mais crescer nosso agarramento maior será a coisa.
LARRAÑAGA, 2007, p. 363.


O ser humano utiliza sua superioridade intelectual para torturar os animais indefesos. Quer domesticar a todos, isto é, quer dominá-los e submetê-los a seu serviço, e muitas vezes a seu capricho. Os que se dedicam a caçar não são os pobres que têm fome, mas os ricos a quem não falta nada. Matam para se divertir. O ser humano não respeita nada, porque se sente superior a tudo.

LARRAÑAGA, 2007, p. 462.
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