As coisas se
inverteram. O local de trabalho se tornou nossa casa, os colegas nossa família
e o emprego nossa vida. Passamos muito tempo no trabalho. Dedicamos todas as
forças a ele. E em casa nem sempre há um ambiente acolhedor. Seguindo esse
ritmo não percebemos a vida passar.
O custo de vida vem aumentando demais.
Isso nos impõe a um ritmo de vida dedicado exclusivamente ao trabalho. Precisa-se
de dinheiro para mudar de vida. E para ganhar muito é necessário trabalhar
muito. Para conseguir abdicamos de muitas coisas e ficamos sem tempo: para nós,
para os outros e até para Deus. As deficiências sem fim dos serviços públicos;
a violência crescente e a corrupção na política nos obrigam a arriscar. Não queremos
ver nossos entes queridos passando por necessidade.
A vida cobra muito e ela não vem
ensinando a frear e equilibrar. A vida pessoal quase não existe e não há momentos
para externalizar emoções. Chegamos cansados em casa e não queremos realizar
nenhuma atividade nem tão pouco conversar. Queremos “desopilar”. Ficar de olhos
no celular, na TV, curtindo o “nada para fazer”. Aqueles que vivem na casa
acabam se tornando hóspedes. Os vocabulários são bem econômicos.
Alguns se realizam no trabalho. Outros
nem tanto. Na empresa privada oferece o crescimento profissional. Que pode vir
acompanhado de humilhações e esforços em vão. No serviço público existe a
estabilidade financeira. Mas também pode vir acompanhada da monotonia da
repetição do trabalho. Os dilemas nunca vão acabar. Vale tudo por dinheiro? Até
onde vai a ambição? Meu objetivo é mais importante que tudo?
Há possibilidades de reescrever a história.
Só que sem ajuda não se chega a lugar algum. Muito menos sem ânimo, disposição,
tempo e dinheiro. Faz parte da vida. Mas também faz parte querer arriscar ou
ficar estagnado e conformado.
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