sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

PENSAR É TRANSGREDIR




LUFT, Lya. Pensar é transgredir. 17 ed. Rio de Janeiro, Record: 2015. 185p.

            Difícil falar de um livro onde constam todas as palavras mesmo antes de pensar nelas! Os variados textos de fato nos levam a pensar. Parece que a autora fala conosco. E num rápido momento paramos. Silenciamos. Escutamos. Saímos um pouco dos nossos mesmos pensamentos e damos de encontro com outros.  Com situações que talvez nunca vivamos. Ou viveremos, quem sabe?

            Separei algumas citações de realidades que ainda nos inquietam e nos pedem sim, muita reflexão. Sendo bem ousado em resumir este livro o que há de comum na maioria dos textos é o quanto o excesso de informação atrapalha: a decidir, a ser, a se comunicar e inclusive a pensar.

O que preciso para viver a vida?

“Não é preciso realizar nada de espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado [...] Para viver de verdade é preciso ser amado, amar e amar-se.” (LUFT, 2015, p.23).

Relacionamento perfeito?

“O perfeito não existe, mas tem a ver com querer se ligar a alguém e querer continuar ligado. Cada dia, ao acordar, fazer de novo a escolha: eu quero mesmo é você comigo”.
“Que o relacionamento não seja prisão, mas que seja vida, crescimento, libertação, ajuda mútua, não fiscalização e condenação”.

“O entendimento recíproco é um oásis no isolamento desta nossa vida pressionada por tempo, dinheiro, regras, trabalhos, grupo social, realidades do mundo”. (LUFT, 2015, p.33, 35, 39).

Limites...

“As questões humanas são complexas [...] Na maior parte das vezes temos de nos contentar com o que podemos realizar ou pensar.” (LUFT, 2015, p. 81).

Velhice...

“Para a maioria, ela traz a marca da incapacidade, do feio, da deterioração [...] A possibilidade de ter qualidade de vida, projetos, ternura [...] é real, desde que levando em conta as limitações de cada período”.

“Quando não puder mais realizar e nem fazer nada na vida ainda se pode exercer afetos, ler bons livros, observar a humanidade que nos cerca”. (LUFT, 2015, p. 93)

Comprar...

“Comprar não é um dever quando não se trata do indispensável ou de que faz bem. Comprar pode ser e tem sido em grande parte moda, mania, quase neurose.” (LUFT, 2015, p. 81)

Prioridades...

“Bem que a gente poderia fazer uma reforma de nossas prioridades. Cada um que examine o baú de suas prioridades e faça a arrumação que quiser ou puder. Que seja para aliviar a vida, o coração, o pensamento. Não para inventar de acumular mais compromissos” (LUFT, 2015, p. 116)

E quando os relacionamentos acabam?

“Relacionamentos mudam ou se desgastam[...] e a família[...] abre as portas e janelas para novas maneiras de se relacionar mesmo depois que o casamento termina. Tudo o que se viveu de bom ou ruim liga para sempre, se foi intenso e prolongado. Nem divórcios, nem a morte apagam a presença do outro que [...] há de continuar lançando sua sombra boa ou negativa”.

“Será preciso de tempo, descoberta e cultivo de outros interesses, abertura a novos afetos para que essa ferida feche. [...] Por outro lado, nada cresce bem no terreno de um relacionamento ruim, vivendo de silêncios ressentidos, críticas pronunciadas ou abafadas. Isolamento e indiferença pode ser uma condenação”. (LUFT, 2015, p.47)

Somos superficiais?

“Além de aflitos e desorientados pelo excesso de informações inúteis somos muito superficiais. Falta-nos o hábito de observar e refletir. Assustados com responsabilidades, escolhas e decisão, despreparados como adolescentes, nos desviamos do espelho que faz olhar para dentro de nós. Cada vez mais amadurecemos tarde e mal. Somos crianças tendo crianças”. (LUFT, 2015, p.172)

Crises...

“Crise é bom para fazer pensar ou repensar muita coisa.” (LUFT, 2015, p. 173)

Discernir e escolher...

Discernir e escolher fica difícil, porque o excesso de informação nos atordoa, a troca de mitos nos esvazia, a variedade de solicitações nos exaure. Para ter algum controle nessa vida é necessário descobrir quem somos ou queremos ser à revelia dos modelos generalizantes. (LUFT, 2015, p.178)

Pensar...

Pensar tem sido algo chato e muitas vezes torturante.


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