quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

SoCiEdAdE Do CaNsAçO

 



      Para Aristóteles ser livre é viver independente das necessidades da vida e de suas obrigações, admitir a beleza da criação e investigar aquilo que não passa.

          É possível isso?

          O comportamento da sociedade vem mudando. A busca pelas respostas do mistério da vida e do transcendente deu lugar a busca por si mesmo. O importante é ter dinheiro e ser dono do próprio nariz. Mas essa maneira de se viver não afasta as crises que cada indivíduo enfrenta a todo momento.

          Olha só isso...

          Há uma pressão em ser e não ser ao mesmo tempo. Se alguns vivem crendo que todo esforço em favor da vida leva a morte tem outros que vivem como se ela não existisse...

          Veja essa...

          O número de pessoas cansadas e esgotadas excessivamente é um dos sintomas de uma sociedade que absolutiza o trabalho, o desempenho e a produção.

“O tempo de celebração desapareceu totalmente em prol do tempo do trabalho[...] O descanso serve apenas para nos recuperar do trabalho para continuar funcionando” (HAN, 2017, p. 113).

          Tem essa aqui também...

          Não se fica imune de ser acometido pelas doenças neuronais: Depressão; Transtorno de Déficit de Atenção com Síndrome de Hiperatividade (TDAH); Transtorno de Personalidade Limítrofe (TPL) ou Boderline e a Síndrome do esgotamento profissional ou Burnout (SB).

          Uns se exploram até o esgotamento. Outros têm a atenção dividida com inúmeras atividades a realizar tirando a capacidade de concentração e contemplação das coisas (já que a cabeça nunca para).

          E essa outra...

          “Hoje em dia, as coisas só começam a ter valor quando são vistas, expostas e chamam a atenção”. (HAN, 2017, p. 125).

         

          Por fim...

          “Tudo que é divino ficou obsoleto[...] O mundo perdeu sua alma e fala. Perdeu toda relação com Deus, com o sagrado, com o mistério, com o infinito, com o supremo, com o elevado. Perdemos toda capacidade de admiração[...] Já é tempo de transformar nossa vida numa morada que valha mesmo a pena viver” (HAN, 2017, p. 128).

 

HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução de Enio Paulo Giachini. 2 ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 2017. 136p.


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