terça-feira, 4 de agosto de 2020

O QUE SE APRENDE COM SANTA CATARINA DE SIENA?




          A experiência que um Santo (do latim sanctu que significa sagrado) católico tem com Deus marca sua vida e a de muitas pessoas. Por que conhecê-los? Saber da vida de alguém que viveu séculos atrás pode não ser tão atrativo. Mas ajuda a entender a maneira de se viver o evangelho de Cristo e de como era (ou é) o mundo que vivemos.

O que se aprende com a vida de Santa Catarina de Siena?

1.  A iniciativa é sempre de Deus.

2. “sou aquilo que não é e Jesus é aquilo que é”.

3.  O amor próprio gera morte, escuridão e guerra enquanto o amor a Deus e ao próximo, vida, luz e paz. Nele somos conduzidos a um caminho de verdade onde vai da amargura à consolação.

4.  Uma coisa é conhecer a verdade. Outra é viver e sentir a verdade quando é difícil e dolorosa. Nossos corações feitos de sangue se recusam a obedecer.

5.  Fazer aquilo que se acredita ser a vontade de Deus é correr o risco de sofrer com incompreensões, difamações e oposições.

6.  Os Santos suportavam grandes tentações por amor a Jesus.

7.  Ele atende nossas súplicas.

8.  Podemos amá-lo mesmo que de maneira imperfeita.

 

        Catarina foi uma das filhas de Tiago Benincasa e Lapa Piagente. Nasceu em 25/03/1347. Sua vida mudou para sempre quando aos 6 anos viu de cima de um telhado de igreja Jesus, Pedro, João e Paulo. Na idade certa entrou na Ordem Terceira de São Domingos como umas das irmãs de Penitência. Catarina recebeu os estigmas de Cristo e tinha constantes êxtases (Estado psíquico quando a pessoa se encontra imóvel como que “transportada” para fora de si e do mundo sensível. No meio espiritual é uma Graça concedida por Deus a uma pessoa que durante a oração se sente intimamente ligada a Ele). Convenceu o Papa Gregório XI a retornar a Santa Sé romana dando fim ao período do Papado de Avinhão ou Cativeiro de Avignon.

 

          Devido as fortes penitências faleceu em 29/04/1380 aos 33 anos. Foi canonizada em 1461 pelo Papa Pio II. Declarada doutora pelo Papa Paulo VI em 1970.

UNDSET, Sigrid. Catarina de Siena: biografia de uma santa. Tradução: Pablo Pinheiro. Dois Irmãos, RS: Minha biblioteca católica, 2019. 368p.


sexta-feira, 3 de julho de 2020

AMAR, VIVER, ESCREVER





Ainda se olha a velhice como sinônimo de que “o fim estar chegando”. Também podera, quem gosta de conviver com doenças, de ser esquecido pelas pessoas que ama, de ser um “peso” para os outros? Realmente, ninguém. Contudo se o desamor pela vida surge de um lado, o amor surge do outro. De onde menos se espera. Sempre se muda quando se descobre uma nova perspectiva.


          Este livro ganhou destaque antes mesmo da leitura. Fiz o pedido diretamente com a autora. Pela distância geográfica (moramos na mesma cidade, Teresina-PI) não deveria demorar tanto para chegar em casa. Mas demorou e muito!

          Depois de um mês, a autora já ia me entregar outro, dessa vez ia recebê-lo em mãos por uma amiga sua. Chegando ao local indicado ela não estava. Teve que viajar às pressas para resolver assuntos familiares. O livro ficou dentro de uma sala que só ela possui a chave. Pensei: “Esse livro deve ser muito bom para tudo isso estar acontecendo”.

          Ao chegar em casa (no mesmo dia) recebo a notícia de minha irmã que chegou o livro (não, não é uma pessoa com esse nome). E era ele! Um mês depois! Detalhe, os correios não entregou em mãos para receber a assinatura. O livro estava jogado na calçada. Isso mesmo, o livro foi arremessado!  Ainda bem que o rufus (o cachorro de casa) não gosta de ler.

          E o conteúdo? Bem para ser lido qualquer autor(a) precisa abordar temas que faz parte da vida dos leitores. Isso é facilitado quando há assuntos diversos numa mesma obra. O que se percebe de comum nos textos? O olhar da vida com uma lupa. Quando se percebe os detalhes nossos e da Vida algo profundamente muda. Com lamentos se ver a escalada da violência (em todos os seus graus), a maldade, a ambição desmedida, o preconceito, as injustiças e a solidão idem.

          Mesmo assim a graça da vida não se perde. Ainda há coisas boas para se viver e elas nos empurram para frente. São coisas que o dinheiro não compra e o ladrão não leva.


TARGINO, Maria das Graças. Amar, viver, escrever. Nova Aliança: Teresina-PI, 2019. 326p.

Maria das Graças Targino escreve mensalmente em:https://www.ofaj.com.br/colunistas.php?cod=29

quarta-feira, 3 de junho de 2020

DOIS MUNDOS QUE NÃO SE MISTURAM



A grande expectativa dos fãs quando Smallville estreou já no longínquo 2001 era saber como Clark Kent e Lex Luthor se tornariam inimigos. Demorou... veio no 16º episódio da 7ª Temporada. No diálogo de embate entre ambos ficou evidente que eram diferentes desde princípio. A começar pelo modo de criação paternal. Ambos lutavam contra seus destinos programados pelos seus pais biológicos. Mas a maneira como Clark e Lex lidavam com suas dúvidas e conflitos eram bem diferentes.  

Depois do fim da amizade, ocorrida na 5ª temporada, o encontro de cada um se tornou emblemático. Palavras regadas de desconfianças, mágoas, sinceridades e acusações mútuas.

A cada nova situação que surgia na história trazia à tona uma nova pessoa dando indícios do que faria a partir dali. Lex poderia ser uma boa pessoa, mas não quis. Fechou seu coração ao amor e sentiu-se traído e roubado por tudo e por todos. Morria o Alexander e nascia um homem sem inibições e escrúpulos capaz até de matar.

Clark ainda teimava em não cumprir sua verdadeira missão na Terra (que era salvar a humanidade de sua extinção). A presença de sua família kryptoniana só atestava que nunca seria humano. E que tinha que aprender a conviver com os erros cometidos; a dividir responsabilidades; a se abrir um pouco e saber que existem pessoas fazendo o bem além dele. O amor foi a chave para Clark se manter no caminho certo, de acreditar nas pessoas e em si mesmo.

Clark e Lex simbolizam a bondade e a maldade. O que acolhe e o que recusa o amor. Sendo assim o destino deles não vai terminar de modo amigável e pacífico (se levarmos em conta a conversa no último capítulo da série). Ali se descartou qualquer chance de reconciliação.


Smallville (2001-2011) foi desenvolvido originalmente por Alfred Gough e Miles Millar.

domingo, 3 de maio de 2020

CHRISTUS VIVIT (CRISTO ESTÁ VIVO)




Se perdeste o vigor interior, os sonhos, o entusiasmo, a esperança e a generosidade, Jesus exorta: Jovem, eu te digo, levanta-te! (Lc7,14). Ele mostra outros sonhos que este mundo não oferece.”
Papa Francisco

          Os ventos da mudança... Aquela paciência, disposição e vontade se vão; O que era engraçado não é mais; O que era interessante não é mais; A memória só serve para trazer algo não muito alegre.

           É fácil cair na tentação da melancolia. De não querer saber, de querer fugir, de não querer ouvir, de achar que sabe, de sempre estampar uma cara de revolta, de querer insistir em algo que não dará certo.

          O mundo é um lugar que muitas vezes expõe seus perigos. As falsas seguranças. A cultura do provisório. O mundo virtual que estimula a vida dupla, a busca pelo prazer vazio, a vontade de se isolar e guardar tudo para si...

          Papa Francisco neste exortação apostólica fala do mundo. Também fala de Jesus. O filho de Deus é capaz de dar a paz tão almejada, a cura tão esperada e a presença constante em meio ao abandono. O grande desafio é procurar viver a vida que Ele propõe. Buscar ouvir a sua voz. Deixar escrever sua história de amor.................... Deixar-se ser uma nova pessoa.   

          “NECESSITAS DE AMOR? Não estará na devassidão, no uso dos outros. Encontrará de uma maneira que verdadeiramente te fará feliz. BUSCA INTENSIDADE? Não está no acúmulo de objetos, no gasto de dinheiro ou correndo atrás das coisas do mundo.”

Papa Francisco

          “A vida na terra atinge plenitude quando se transforma em oferta. Se aprende e amadurece ao fazer contato com o sofrimento do próximo[...] Quem são as pessoas que a sociedade descarta e exclui?[...] Nas pessoas mais humildes pode-se descobrir valores que não se via.”
Papa Francisco

FRANCISCO, Papa. Exortação apostólica pós-sinodal Christus Vivit: para jovens e para todo o povo de Deus. 2 ed. Brasília: edições CNBB, 2019. Documentos Pontifícios, 37. 128p.

terça-feira, 14 de abril de 2020

EM BUSCA DE SENTIDO




        “Quem tem um sentido suporta qualquer coisa.”

Viktor E. Frankl (1905-1997) sobreviveu a quatro campos de concentração nazista durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) para elaborar a Logoterapia. Trata-se de terapia aplicada com base num modelo psicológico-antropológico onde a pessoa busca um sentido para sua vida, seja executando alguma tarefa; amando alguém; se dedicando a uma causa ou encontrando sentido diante de um sofrimento inevitável.

Para descobrir esse “sentido” é preciso refletir e estudar. Sobretudo prestar atenção nas coisas, na vida e em si mesmo.

Ninguém consegue viver sem um por quê. Um motivo pra se levantar e pra dormir. Quem não tem razões para viver fica à mercê dos prazeres. E mais frustrado e vazio fica.

Temos uma responsabilidade a assumir e saber o que a vida espera de nós. Não consiste em fazer o que os outros fazem ou o que dizem que temos que fazer. Não se trata também de buscar apenas realizações e glórias, nem tão pouco fugir da dor ou procurar se adaptar aos “parâmetros” da vida. Mas ser livre em buscar objetivos que valem a pena. É entender que a vida nos “chama” de uma maneira particular a executar uma tarefa específica.

Não é um caminho fácil. Em alguns momentos somos acometidos por situações dolorosas que não foram escolhidas por nós. E pelas tensões daquilo que se é e deveria ser ou aquilo que já se alcançou e deveria alcançar. O amor acaba sendo um caminho, um esquecer-se de si mesmo. É enxergar as capacidades no outro e ajudá-lo a desenvolvê-las.

“Diante de uma situação que não posso mudar, sou desafiado a mudar a mim mesmo.”

Viktor Frankl

Atualizado  em 06/06/2025

FRANKL, Viktor E. Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração. 45ª ed. Tradução de Walter O. Schlupp e Carlos C. Aveline. Rio Grande do Sul/Rio de Janeiro: Sinodal/Vozes, 2019. 184p.

quinta-feira, 12 de março de 2020

INSÔNIA (INSOMNIA)




        Os policiais Will Dormer (Al Pacino) e Hap Eckart (Martin Donovan) são mandados a pequena cidade de Nightmute no Alaska para ajudar a polícia local na investigação do assassinato de uma adolescente de 17 anos. Na perseguição ao suspeito, Will atira e mata acidentalmente Hap. Will não assume a culpa, porém passa a ser chantageado por um homem que testemunhou o que ele fez. Além disso, começa a ficar emocionalmente instável devido ao sentimento de culpa, o que causa nele ter insônia.

Pegue um diretor que na época estava em ascensão (Christopher Nolan). Junte com um bom trio de vencedores do Oscar (Al Pacino, Robin Williams e Hilary Swank). Acrescente-os a uma narrativa de investigação policial situada numa cidade fria em que certa época do ano o Sol pode ser visto 24h por dia. O resultado é bom filme. Não um grande filme, mas bom.

Diante de um erro, o que se deve fazer? Reconhecer ou negar? O que é importante, a reputação ou a descoberta da verdade? Qual o valor da vida de alguém? O juízo do certo e errado podem se misturar quando o medo de perder é grande. Na resolução de erros próprios escolhe aquele onde se saíra perdendo menos.

Só que a consciência “acusa” que é muito difícil viver tranquilamente com um grande erro e que não dá pra enganar todos por muito tempo. O corpo e os sentidos refletem de alguma maneira o conflito interior. Se o personagem principal usasse o justo juízo, o reconhecimento do erro traria paz e alívio do que inquietação e culpa.

EUA, 2002, 1h58min.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

PENSAR É TRANSGREDIR




LUFT, Lya. Pensar é transgredir. 17 ed. Rio de Janeiro, Record: 2015. 185p.

            Difícil falar de um livro onde constam todas as palavras mesmo antes de pensar nelas! Os variados textos de fato nos levam a pensar. Parece que a autora fala conosco. E num rápido momento paramos. Silenciamos. Escutamos. Saímos um pouco dos nossos mesmos pensamentos e damos de encontro com outros.  Com situações que talvez nunca vivamos. Ou viveremos, quem sabe?

            Separei algumas citações de realidades que ainda nos inquietam e nos pedem sim, muita reflexão. Sendo bem ousado em resumir este livro o que há de comum na maioria dos textos é o quanto o excesso de informação atrapalha: a decidir, a ser, a se comunicar e inclusive a pensar.

O que preciso para viver a vida?

“Não é preciso realizar nada de espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado [...] Para viver de verdade é preciso ser amado, amar e amar-se.” (LUFT, 2015, p.23).

Relacionamento perfeito?

“O perfeito não existe, mas tem a ver com querer se ligar a alguém e querer continuar ligado. Cada dia, ao acordar, fazer de novo a escolha: eu quero mesmo é você comigo”.
“Que o relacionamento não seja prisão, mas que seja vida, crescimento, libertação, ajuda mútua, não fiscalização e condenação”.

“O entendimento recíproco é um oásis no isolamento desta nossa vida pressionada por tempo, dinheiro, regras, trabalhos, grupo social, realidades do mundo”. (LUFT, 2015, p.33, 35, 39).

Limites...

“As questões humanas são complexas [...] Na maior parte das vezes temos de nos contentar com o que podemos realizar ou pensar.” (LUFT, 2015, p. 81).

Velhice...

“Para a maioria, ela traz a marca da incapacidade, do feio, da deterioração [...] A possibilidade de ter qualidade de vida, projetos, ternura [...] é real, desde que levando em conta as limitações de cada período”.

“Quando não puder mais realizar e nem fazer nada na vida ainda se pode exercer afetos, ler bons livros, observar a humanidade que nos cerca”. (LUFT, 2015, p. 93)

Comprar...

“Comprar não é um dever quando não se trata do indispensável ou de que faz bem. Comprar pode ser e tem sido em grande parte moda, mania, quase neurose.” (LUFT, 2015, p. 81)

Prioridades...

“Bem que a gente poderia fazer uma reforma de nossas prioridades. Cada um que examine o baú de suas prioridades e faça a arrumação que quiser ou puder. Que seja para aliviar a vida, o coração, o pensamento. Não para inventar de acumular mais compromissos” (LUFT, 2015, p. 116)

E quando os relacionamentos acabam?

“Relacionamentos mudam ou se desgastam[...] e a família[...] abre as portas e janelas para novas maneiras de se relacionar mesmo depois que o casamento termina. Tudo o que se viveu de bom ou ruim liga para sempre, se foi intenso e prolongado. Nem divórcios, nem a morte apagam a presença do outro que [...] há de continuar lançando sua sombra boa ou negativa”.

“Será preciso de tempo, descoberta e cultivo de outros interesses, abertura a novos afetos para que essa ferida feche. [...] Por outro lado, nada cresce bem no terreno de um relacionamento ruim, vivendo de silêncios ressentidos, críticas pronunciadas ou abafadas. Isolamento e indiferença pode ser uma condenação”. (LUFT, 2015, p.47)

Somos superficiais?

“Além de aflitos e desorientados pelo excesso de informações inúteis somos muito superficiais. Falta-nos o hábito de observar e refletir. Assustados com responsabilidades, escolhas e decisão, despreparados como adolescentes, nos desviamos do espelho que faz olhar para dentro de nós. Cada vez mais amadurecemos tarde e mal. Somos crianças tendo crianças”. (LUFT, 2015, p.172)

Crises...

“Crise é bom para fazer pensar ou repensar muita coisa.” (LUFT, 2015, p. 173)

Discernir e escolher...

Discernir e escolher fica difícil, porque o excesso de informação nos atordoa, a troca de mitos nos esvazia, a variedade de solicitações nos exaure. Para ter algum controle nessa vida é necessário descobrir quem somos ou queremos ser à revelia dos modelos generalizantes. (LUFT, 2015, p.178)

Pensar...

Pensar tem sido algo chato e muitas vezes torturante.


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