domingo, 14 de julho de 2024

A MANEIRA ERRADA E CERTA DE SE RELACIONAR COM AS PESSOAS

 Algumas coisas mal resolvidas dentro de nós fazem brotar comportamentos e pensamentos inadequados perante a realidade.

Quais?

Passar aos outros uma imagem falsa  em vista de se obter respeito, admiração e não se sentir insignificante; Dar importância demais ao que os outros estão falando ou pensando ao nosso respeito;  Procurar exibir-se pensando que é excepcional, fora do comum, superior aos outros; Esperar demais da vida e das pessoas.

 *****

Às vezes a vida coloca uma pressão/pressa de sermos vencedores e de conquistar isso ou aquilo. Pode não dar certo, pode não acontecer. Isso é ruim porque ficamos com baixa auto estima. Não nos enxergamos como alguém capaz de fazer e conquistar algo. Aos poucos vai despertando um sentimento de revolta por se sentir derrotado e deixado para trás pela vida. Passamos a tratar as pessoas com hostilidade e como adversárias.

Não se pode ser amado pelas pessoas e ao mesmo tempo pisar nelas. É compreensivo buscar segurança, proteção e afeto para não se sentir tão isolado ou desamparado. É natural querer ser alguém na  vida. Mas não pode ser buscado de qualquer maneira ou como forma de compensar algo que deveria ser resolvido de outro jeito.

É preciso de mudanças bem difíceis:

Aceitar as próprias fraquezas, inseguranças e indecisões; Ser honesto com os próprios sentimentos; Conhecer o próprio valor; Não focar tanto em si mesmo para assim se comportar de modo natural, espontâneo e autêntico; Gostar de si mesmo; Amar o próximo sem querer transformá-lo, sem esperar algo em troca;  Perdoar, pois perdoar é libertar-se do passado; Não contar sempre consigo mesmo.

Nosso verdadeiro ser encontra-se em nossa alma. Sem esse conhecimento passamos a mendigar afetos, buscar consolações, buscar ser compreendidos e procurar emoções para preencher um vazio.

A fé pode ajudar. Ao ter consciência que é amada por Deus, a pessoa se liberta de expectativas e julgamentos dos outros.

Fontes:

HORNEY, Karen. A personalidade neurótica do nosso tempo. 2023. 220p.

ALBISETTI, Valerio. Como vencer a timidez. 2004. 80p.

domingo, 9 de junho de 2024

AS SANDÁLIAS DO PESCADOR (THE SHOES OF THE FISHERMAN)


 

“Não posso mudar o mundo.

Não posso mudar o que a história já escreveu.

Eu posso apenas mudar a mim mesmo.

E começar a escrever um novo capítulo, cheio de incertezas.”


O filme As Sandálias do Pescador fala dos riscos que acarreta uma decisão. O pano de fundo da história é a Igreja Católica enfrentando o desafio da escolha de um novo Papa. Durante o conclave, após tentativas frustradas de votação, o cardeal russo Kiril Lakota é proclamado Papa por ter mantido a fé durante os anos em que estava na prisão. Kiril, logo entende o peso da responsabilidade de seu cargo. Para que sua voz alcance os milhões de pessoas ao redor do mundo ele precisará enfrentar as dificuldades e resistências para fazer o que acredita ser o certo. E ter consciência que haverá um preço a ser pago.

Ele entende isso na conversa emblemática com o cardeal Leone:

- Leone como um homem sabe que suas ações são para ele ou para Deus?

- Nunca se sabe. Temos um dever a cumprir. Mas não temos o direito de esperar aprovação nem mesmo um bom resultado.

- Então, no final meu amigo, estamos só?

- Sim. Os que vieram antes do senhor passaram por momento de solidão. Devo dizer que não há remédio pra isso. E quanto mais viver mais solitário será. O senhor pode até usar um homem ou outro para o trabalho na Igreja. Mas quando o trabalho estiver feito ou o homem não for adequado, irá dispensá-lo e buscará outro. O senhor quer amor e poderá tê-lo por algum tempo, mas irá perdê-lo. Goste ou não, está condenado a uma vida solitária desde o dia de sua eleição até sua morte. É um calvário Vossa Santidade. E o Senhor apenas começou a subi-lo.

De: Michael Anderson. Com: Anthony Quim, Vittorio De Sica e Leo Mckern. Baseado do romance homônimo de Morris L. West. Eua, 1968, 2h 41 min.


sábado, 4 de maio de 2024

THE BEATLES: A HISTÓRIA POR TRÁS DE TODAS AS CANÇÕES


 

Das bandas que escutava na adolescência, os Beatles é a única que continuo ouvindo.

Há muitas razões para isso.

1. As músicas eram (são) boas. Quando deixaram de fazer apresentações ao público em 1966, os membros da banda passaram a ter mais tempo para se dedicar como artistas. Eles queriam se aperfeiçoar como músicos, explorar novas possibilidades. O processo de compor, tocar e gravar as músicas mudou. Usavam instrumentos diversos e as letras falavam de temas variados. Em vez de falar apenas de amor, elas passaram a mostrar seus verdadeiros sentimentos e como estavam enxergando o mundo.

Uma guarda de trânsito, uma cachorra, um orfanato, uma rua, notícias de jornal, propagandas de televisão, sonhos, desenhos de criança, um submarino, coisas místicas, tudo era fonte de inspiração.  Isso se refletia nas melodias, nos arranjos e na harmonia vocal.

2. O que explica o sucesso da banda? Eles eram bons músicos, mas já existiam melhores do que eles. Talvez os trabalhos do produtor George Martin e do empresário Brian Epstein ajudaram a dar uma cara ao quarteto diferenciando-os das outras bandas.

3. Alguns feitos até hoje são insuperáveis. É a banda que mais alcançou o top das paradas de sucesso. A que mais vendeu discos. A que bateu o recorde de lançamentos de discos em curto tempo (lançou dois por ano com músicas inéditas entre 1963 e 1965). E a que depois de 50 anos de seu término ainda hoje é lembrada por muitos.

4. Ouvir os Beatles é sentir saudade. De pessoas, de um momento, de um lugar, de um cheiro, é sentir algo bom.

Vale apena ouvir a discografia da banda. Especialmente Help, Rubber Soul, Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band, White Album, Abbey Road e Let it Be.

TUNNER, Steve. The Beatles: a história por trás de todas as canções. Tradução de Alyne Azuma. São Paulo: Cosacnaify, 2009. 384p.


quinta-feira, 11 de abril de 2024

AUTOCONTROLE E LIBERDADE

 


“Se quer permanecer são de corpo e de espírito, é necessário tomar a sólida resolução de dominar-se a si mesmo e permanecer fiel a este propósito durante toda a vida.” E. de Feuchtersleben.

“O conhecimento de si mesmo abre uma trilha para descobrir hábitos, tendências, perturbações, emoções, qualidades interiores. Não precisa de olhos, mas de silêncio e reflexão.” A. De Simone

Livre é a pessoa que escolhe conscientemente a vida que se quer viver e o uso que fará dela. É comportar-se com base nas referências e nos valores-base que carrega. O trabalho, o bem comum e a família constituem esses valores. Escolher amigos, companheiro(a)s, religião, profissão, leituras é também escolher o ambiente onde se crescerá na vida. 

É livre quem consegue se controlar. Quem é controlado se observa. Não ignora suas emoções. Consegue ter uma vida organizada, além de ter comportamento adequado diante de certas situações.

Agora não é fácil exercer a liberdade. A liberdade é confundida em ser uma pessoa “solta” de toda e qualquer norma e disciplina. Isso não acontece, pois na prática fica-se submisso a desejos e incapaz de resolver conflitos internos. O que essa “liberdade” faz na verdade é transformar o ser humano numa pessoa que busca soluções que não se encontram na realidade e que atribue aos outros responsabilidades que são suas. No final a pessoa se encontra desesperada, angustiada, insegura, cercada de dúvidas que a levam ao pessimismo. Controlar-se também não é fácil. Há as fraquezas, as limitações, os tropeços.

A pessoa precisa estar amparada por algo que seja eterno e seguro. Além disso, ter a coragem de dar uma resposta adequada e profunda aos tantos porquês da vida e às suas muitas mensagens.

“A fé em Deus é de grande ajuda para quem tenta dar, uma vez mais, coerência e esperança à própria vida.”

O evangelho de Cristo confirma e aperfeiçoa o comportamento humano. Aliás, Jesus é o modelo de ser humano por excelência.

CANOVA, Francesco. Autocontrole e liberdade. 4 ª edição. Tradução Haroldo Reiner. São Paulo: Paulinas, 2002. 80p. (Coleção Psicologia e Personalidade).

quarta-feira, 6 de março de 2024

COMO VENCER A TIMIDEZ


 

Timidez é conceituada no dicionário como um sentimento de insegurança causado por medo do ridículo e do julgamento dos outros.

É visto como problema quando afeta o desenvolvimento da pessoa e sua relação com os outros.

A pessoa que é tímida tende apresentar baixa autoestima. Não se enxerga como alguém capaz de fazer e conquistar algo; Dar importância demais ao que os outros estão falando ou pensando a seu respeito; Prefere o isolamento; Às vezes procura exibir-se pensando que é excepcional, fora do comum, superior aos outros e nega responsabilidade por algumas escolhas.  

Espera demais da vida e das pessoas. 

Ao perceber que as coisas não são assim fica tão desiludida a tal ponto que acha necessário ferir, buscar vingança, odiar o próximo. 


Como reverter isso?

 

Não é uma tarefa fácil. Ajuda quando a pessoa se propõe a:

 

Ø  Descobrir e reconhecer os motivos que traz vergonha;

Ø  Aceitar as próprias fraquezas, inseguranças e indecisões;

Ø  Ser honesto com os próprios sentimentos;

Ø  Conhecer o próprio valor, o papel que desempenha na sociedade (ou o verdadeiro papel que Deus confiou);

Ø  Questionar-se quanto às razões profundas que estão por de trás das atitudes;

Ø  Ir de encontro das pessoas com simplicidade e humildade;

Ø  Compartilhar a própria vida;

Ø  Não focar tanto em si mesmo para assim se comportar de modo natural, espontâneo e autêntico;

Ø  Gostar de si mesmo;

Ø  Amar o próximo sem querer transformá-lo, sem esperar algo em troca;

Ø  Dar ao outro o que gostaria de receber;

Ø  Perdoar, pois perdoar é libertar-se do passado;

Ø  Não contar sempre consigo mesmo;

Ø  Saber que ganhou esta vida para desempenhar um papel que pode ser diferente do outro;

Nosso verdadeiro ser encontra-se em nossa alma. Sem esse conhecimento passamos a mendigar afetos, buscar consolações, buscar ser compreendidos e procurar emoções para preencher um vazio.

A fé pode ajudar. Ao ter consciência que é amada por Deus, a pessoa se liberta de expectativas e julgamentos dos outros.

ALBISETTI, Valerio. Como vencer a timidez. Tradução de Clemente Raphael Mahl. São Paulo: Paulinas, 2004. 80p. (Coleção Psicologia e você). 

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

COMO SE ESTAR VIVENDO O AMOR?

O amor vence a depressão. Arranca o sujeito de si mesmo e direciona-o para o outro.

É um relacionar-se com outra pessoa conhecendo sua individualidade e seu mistério.

É um deixar-se ser fraco para ao mesmo tempo sentir-se forte.

 

O filósofo, professor e escritor coreano Byung-Chul Han discorre no livro Agonia de Eros o quanto o amor vem perdendo espaço atualmente num mundo onde a pessoa tem à sua disposição escolhas infinitas de liberdade e multiplicidade de opções.

·         O ser humano vive constantemente comparando tudo com todos.

·         Não consegue mais estabelecer claramente os próprios limites.

·         Sobrecarrega-se querendo controlar tudo de maneira exagerada e doentia.

·         Acha que é livre por não está submisso às ordens de alguém.

·         Trata o próprio corpo como mercadoria.

·         Busca no outro a confirmação de si mesmo ou o enxerga apenas como objeto de excitação.  

·         Não quer mais se relacionar.

·         Evita o sofrimento a todo custo.

·         Cuida de forma exagerada a própria saúde.

Byung afirma que nada verdade isso não faz do ser humano uma pessoa realmente feliz. Pois agora ela explora a si mesma e por decisão pessoal. Vive por viver, permanecendo igual a todo mundo. Sem rumo, sem descanso e sem paz.

Apesar dessa exposição séria e preocupante, o autor é esperançoso.

A vida com seus mistérios pode surpreender e ensinar que uma desgraça desastrosa pode converter-se inesperadamente em graça e salvação. A relação com o divino faz a pessoa perceber a verdadeira “essência do amor”. Esquecendo um pouco de si mesmo, a pessoa passa a renunciar algo e a olhar o negativo “diretamente nos olhos”, além de descobrir formas de enfrentá-lo.

HAN, Byung-Chul. Agonia do Eros. Tradução de Enio Paulo Giachini. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017. 96p.

domingo, 7 de janeiro de 2024

O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON (THE CURIOUS CASE OF BENJAMIN BUTTON)


Assistindo novamente O Curioso Caso de Benjamin Button, o que mais percebi foi o enfoque que filme dá ao tempo, envelhecimento e a morte.

A história começa com uma idosa Daisy Fuller (Cate Blanchett) numa cama de hospital prestes a morrer. Conta a sua filha a história de um homem que após perder o filho na Primeira Guerra Mundial faz um relógio com os ponteiros andando em sentido anti-horário. Daisy pede a ela que pegue e leia um diário que está em seus pertences. Nele há a história da vida de um homem, Benjamin Button (Brad Pitt). Sua mãe morre no parto. Ao ficar horrorizado em ver sua aparência, seu pai o abandona num lar de idosos. Benjamin tem aspecto de um velho e está com os dias contados. É acolhido por Queenie (Taraji P. Henson), uma cuidadora, que decide tomar conta dele nos seus próximos poucos dias de vida. Só que a medida que o tempo vai passando ele não dá sinais que vai morrer. De forma misteriosa vai rejuvenescendo. Benjamin vai conhecendo e se despedindo de pessoas. Têm suas primeiras experiências de vida: Sai de casa para passar um tempo trabalhando no barco do capitão Mike (Jared Harris); Vive o primeiro amor; E ver um pouco do horror da Segunda Guerra Mundial. Ao retornar para casa conhece seu pai biológico que está morrendo e herda toda sua herança. Chegando na casa dos 40 anos vive um romance com Daisy, uma paixão que ele conheceu quando ela era uma menina. Quando a primeira filha deles nasce, Benjamin fica preocupado, pois acha que não terá capacidades de cuidar dela por causa de sua condição.

Todos vamos envelhecer. As forças não serão as mesmas, as limitações surgirão e não seremos tão independentes. A morte também vai chegar. Um dia vamos morrer e as pessoas que amamos também.

Agora esses dois acontecimentos não nos impede de viver. Ir a lugares diferentes, conhecer novas pessoas, colher novas experiências (boas e dolorosas).

E o tempo? Não podemos pará-lo ou querer que ele ande para trás. O que resta é escolher o que fazer com o tempo que temos.

Com o passar do tempo, O Curioso Caso de Benjamin Button ainda continua interessante. Seja pela história, pelo elenco, trilha sonora e os temas abordados.

Dirigido por David Fincher. Roteiro de: Eric Roth. História de: Eric Roth e Robin Swicord. Com: Tilda Swinton. EUA, 2008, 2h46 min.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...