sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

AGONIA DO EROS


O ser humano vive constantemente comparando tudo com todos. Não consegue mais estabelecer claramente os próprios limites. Sobrecarrega-se querendo controlar tudo de maneira exagerada e doentia. Acha que é livre por não está submisso às ordens de alguém. Trata o próprio corpo como mercadoria. Busca no outro a confirmação de si mesmo ou o enxerga apenas como objeto de excitação. Não quer mais se relacionar. Evita o sofrimento a todo custo. Cuida de forma exagerada a própria saúde. 

Essa é a constatação que o filósofo, professor e escritor coreano Byung-Chul Han apresenta no livro Agonia de Eros.

O amor vem perdendo espaço num mundo onde a pessoa tem à sua disposição uma infinidade de opções e escolhas. Byung afirma que na verdade isso não faz do ser humano uma pessoa realmente feliz e muito menos livre . Pois agora ela explora a si mesma e por decisão pessoal. Vive por viver, permanece igual a todo mundo, não tem rumo, não descansa, não tem paz.

Apesar dessa exposição séria e preocupante, o autor é esperançoso. “A vida com seus mistérios pode surpreender e ensinar que uma desgraça desastrosa pode converter-se inesperadamente em graça e salvação.” 

A relação com o divino faz a pessoa perceber a verdadeira “essência do amor”. Esquecendo um pouco de si mesmo, a pessoa passa a renunciar algo e a olhar o negativo “diretamente nos olhos”, além de descobrir formas de enfrentá-lo.

“O amor vence a depressão. Arranca o sujeito de si mesmo e direciona-o para o outro. É um relacionar-se com outra pessoa conhecendo sua individualidade e seu mistério.”

HAN, Byung-Chul. Agonia do Eros. Tradução de Enio Paulo Giachini. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017. 96p.


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