Na fase
adulta constatamos que nunca vamos ter plena certeza. Nada é garantido. O que
temos que fazer é arriscar e estar dispostos a enfrentar o que vier. Descobrir ali
na hora uma maneira de lhe dar com a situação inusitada. E o pior, só você pode
fazer isso. Haverá influências dos outros, mas você, livre e consciente deve
tomar a decisão. Emancipação.
Cada
tempo tem suas dificuldades. A nossa é a independência. Sim, uma hora temos que
deixar a casa de nossos pais e “nos virarmos sozinhos”. Só que não é tão
simples. Numa época em que as coisas estão tão fáceis é mais certo se perder. Enterrando
as raízes na tentativa de experimentar novos ares, o que nos tornamos? Apenas um
projeto de pessoa cheia de mágoas, ressentimentos, saudosismos, arrependimento
e tristeza. A frase “isso faz parte da vida” caiu por terra. Essa vida cheia de
negativismos não é atraente.
Por isso
os pais tem um medo danado de nos soltarmos pelo receio de que algum mal vai
acontecer. São tão super protetores que acabam anulando a nossa capacidade de
decidir. “Não sei fazer nada sem meus pais...”, “Pai/mãe, o que faço? Pode fazer
por mim?” Problema. Isso não pode ficar assim durante toda a vida. Eles um dia
irão morrer o que faremos então? A ajuda acontece para se chegar à independência.
É que nem andar de bicicleta. O pai dá um empurrãozinho e você vai sozinho.
Infelizmente
o mundo está muito hostil e confuso. Desconfianças, crenças, mentiras, violências,
ideologias, valores, crises, tudo isso nos transformam. Para enfrentar essas
tipologias é preciso receber dos pais o que somente eles podem nos dar: amor. Amor
para saber que coisas difíceis irão acontecer. Amor para nos fazer maduro e
decidirmos por nós mesmos. Amar e devolver esse amor a eles para que confiem em
nós. Amor para não termos medo e que uma
hora as coisas vão acabar. Mas até lá viveremos com dignidade sem corromper e
se deixar ser corrompido.
À Janela
Da janela o horizonte, a liberdade de uma estrada eu
posso ver
O meu pensamento voa livre em sonhos pra longe de onde
estou
Eu às vezes penso até onde essa estrada pode levar alguém
Tanta gente já se arrependeu e eu, eu vou pensar, eu vou
pensar
Quantas vezes eu pensei sair de casa, mas eu desisti
Pois eu sei lá fora eu não teria o que eu tenho agora
aqui
Meu pai me dá conselhos, minha mãe vive falando sem saber
Que eu tenho meus problemas e que às vezes só eu posso
resolver
Coisas da vida, choque de opiniões, coisas da vida
Novamente eu penso ir embora, viver a vida que eu quiser
Caminhar no mundo enfrentando qualquer coisa que vier
Penso andar sem rumo pelas ruas, pela noite sem pensar
No que vou dizer em casa, nem satisfações a dar
Penso duas vezes me convenço que aqui é o meu lugar
Lá fora às vezes chove e é quase certo que eu vou querer
voltar
A noite é sempre fria, quando não se tem um teto com amor
E esse amor eu tenho mas me esqueço às vezes de lhe dar
valor
Tudo tem seu tempo e uma vida inteira eu tenho pra viver
E nessa vida é necessário a gente procurar compreender
Coisas que aborrecem muitas vezes acontecem por amor
E esse amor eu tenho esquecido às vezes de lhe dar valor
Roberto
e Erasmo, Roberto Carlos (1972), faixa 01
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