Definitivamente, Laranja Mecânica(1971) é para pouquíssimos. Ver Alex e seus amigos praticarem a ultra-violência (espancar, bater, estuprar, matar) é de causar repugnância. Contudo, a história não se resume a isso. O que acontece com Alex após ser preso é o que fez o filme se tornar uma obra-prima. Para se livrar da prisão se voluntaria a um procedimento experimental onde seu cérebro é condicionado a dizer “não” a qualquer tipo de violência. Isso até que dar certo, mas há um problema: Alex perde a liberdade de fazer escolhas morais. Quando surge a oportunidade de realizar algum mal seu corpo sofre, sente náuseas e vontade de se matar.
O filme toca em alguns pontos interessantes. O que justifica o ser humano provocar violência contra seu próximo? Existe um método eficaz de erradica-la? Procurar respostas é bem difícil. É fácil apontar culpados. Mas não resolve. Pelo que o filme deixa transparecer tudo começa na pessoa mesmo. Não importa se existisse o melhor plano de segurança pública ou o melhor plano de educação, é o indivíduo que escolhe fazer o certo ou o errado. Todo dia escolhemos isso ou aquilo. Então, por que escolhemos fazer o errado sabendo que é errado? Será porque existe algo de errado dentro de nós?
Outro ponto que o filme toca é em nossa humanidade. Quando vemos Alex depois do tratamento pagando pelos seus erros não ficamos contentes. Pelo contrário, ficamos com pena dele e por um momento esquecemos as coisas que ele fez. É justo que os outros paguem na mesma moeda? Se alguém matasse alguém que a gente ama, ficaríamos felizes se o assassino morresse? Temos o direito de escolher quem deve viver ou morrer? Quem é a lei? Nós? O Estado?
Laranja Mecânica não é um filme fácil de ser digerido. Seja pelas cenas, seja pela maneira que termina. A trilha sonora é o ponto alto do filme deixando-o memorável. Não recomendado para aquele(a) que está meio “deprê”, desanimado ou triste porque esse filme não vai ajudar!
De: Stanley Kubrick. Com: Malcolm McDowell. EUA, 1971, 2h16min.