Quem
assistiu aos dois Tropa de Elite (2007 e
2010) provavelmente ficou impactado pelo que viu e pelo punhado de
reflexões que surgiram: Seria a classe média alta que financiaria o tráfico de
drogas? A baixa remuneração e o despreparo contribuiriam para a existência de
uma polícia corrupta? Seria o “sistema” o grande causador da corrupção na
política e o ponto de força das milícias? Difícil de responder.
É
consenso que sim, uma polícia bem preparada e remunerada e a existência de
políticos honestos favoreceriam ao menos em diminuir a violência urbana. Mas
não é o que acontece e a razão está em duas palavras: dinheiro e poder. O crime
“compensa” para alguns porque é um ganho rápido de muito dinheiro. Estar no
poder é bom porque sempre haverá muitas pessoas sob suas ordens e que dependem
de você. Diante disso, não adianta lotar a sociedade de policiais se o problema
(ou os problemas) é de ordem moral.
Os
dois filmes levantam outros debates gerando pontos de vistas distintos. O
policial, o cidadão comum, o político ou o idealista interpreta a história a
partir de como ele vê o mundo. Mas não importa qual é a visão que mais
prevalece ou a verdadeira e sim que os dois filmes de Padilha falam da nossa
realidade. Uma realidade não tão distante de nós. Uma realidade que afeta à
todos.
Roberto
Nascimento não é um herói, mas personifica bem o indivíduo que quer devolver a
sociedade o que aprendeu. E não é sendo corrupto e criminoso, mas o oposto
disso. E pagou o preço por isso. Perdeu a esposa, o amor do filho, o amigo, a
carreira. Foi enganado. Tudo aquilo pelo que lutava de uma hora para outra
mudou. Não tinha como não levar as coisas para o lado pessoal.
Os
dois filmes foram bem feitos. O primeiro contou com a preparação de parte do
elenco por Fátima Toledo. Os atores ensaiavam a partir de técnicas de
interpretação a transmitir emoções verdadeiras. E isso deu certo. Wagner Moura
literalmente foi transformado no Capitão Nascimento. O segundo traz mais
personagens muito bem interpretados, um bom clímax e um tom negativo no final.
Tropa de Elite 1 e 2 entram para a lista dos melhores filmes brasileiros já
feitos.
Tropa de Elite. De: José Padilha. Com: Wagner Moura, José Ramiro, Caio Junqueira. BRA, 2007, 1h58min.
Tropa de Elite 2: o inimigo agora é
outro. De: José
Padilha. Com: Wagner Moura, Irandhir
Santos, Sandro Rocha. BRA, 2010, 1h55min.










