Há uma resistência em assistir Era uma vez na América (1984) por sua
longa duração (3h49min) e por parecer tratar de mais um filme sobre mafiosos.
Sim. Há a máfia. Há violência. Mas são panos de fundo para diversos temas. O
filme fala de amizade, lealdade, cobiça, traição, memórias, passagens do tempo
e perdão.
A história é contada em três tempos, que
se alternam, abordando a adolescência, fase adulta e velhice de David Aaronson,
o “Noodles” (Robert DeNiro). Noodles sente-se culpado pela morte de seus três
amigos após uma tentativa frustrada de assalto a um banco. Ele foge e depois de
longos anos retorna ao ser descoberto. Noodles e seus amigos eram
contrabandistas. Depois de um grande serviço recebem uma alta quantia de
dinheiro, que é guardado numa mala em um cofre. Assim que seus amigos morrem,
Noodles vai atrás da mala e ela não está mais lá. Tempos depois, ao visitar o
mausoléu de seus antigos parceiros recebe misteriosamente uma chave de um
cofre. No cofre há uma mala com dinheiro referente a um adiantamento por um
serviço. Indo atrás das respostas, Noodles fala com pessoas conhecidas e elas o
levam a descobertas que podem ser muito dolorosas.
O ponto forte do filme é a trilha
sonora. Elas sempre estão acompanhando as lembranças do velho Noodles.
Transmitem um misto de tristeza e saudade e nos convida a estar no lugar dele.
O tempo passa rápido e cada momento pode
ser único e inesquecível. Não se sabe qual vai ser e nem quando vai acontecer.
As lembranças fazem parte da nossa vida, as boas e as ruins. O tempo muda o
corpo, a cabeça, o coração. Muda as pessoas e até a maneira como a vemos. No filme,
Noodles era uma pessoa má. Matava, roubava, estuprava. O tempo passou e seu olhar se tornou um
reflexo de uma pessoa ferida e doída pelo que fez e pelo que sofreu da vida.
Ele não é mais o mesmo. Mesmo tendo sido rejeitado, traído e machucado não
guarda rancor e nem alimenta sentimentos de vingança. De fato valorizava seus
amigos e queria verdadeiramente o bem deles. Deixa no final a mensagem que é
uma escolha pessoal decidir “descontar” ou não aquilo que sofremos dos outros e
da vida.
De:
Sergio Leone. Com: James Woods e
Elizabeth Mcgovern. Trilha sonora:
Ennio Morricone. EUA, 1984, 3h49min.
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