A sensação de solidão
é um alerta do organismo para que busquemos companhia de outras pessoas. “O
outro nos apresenta um jeito novo de interpretar o que somos. O que nos encanta
no outro é o que ele nos consegue fazer enxergar em nós mesmos”. (MELLO, 2013,
p. 141).
Nosso coração ao querer amar e ser
amado dá abertura para isso acontecer. No meio da multidão ele elege uma pessoa
em especial. Quer muito que as expectativas sejam realizadas. Mas com o passar
dos dias as descobertas mexem com nossa “estrutura” e percebemos com mais
nitidez algumas coisas.
“Nos
relacionamentos pós-modernos são marcados pela fragilidade dos laços criados, a
transitoriedade das relações e a angústia de projetar no outro aquilo que se espera
da vida a dois”. 1 E é verdade. Projetamos nos outros o que gostaríamos
de encontrar em nós mesmos. Ao perceber que o outro não é aquilo que
esperávamos, o encanto se vai.
Nada mais dolorido do que a não
correspondência ou ver aquele relacionamento que se investiu com tanto afinco não
dar certo. Passamos a refletir. Internamente ainda somos criaturas frágeis e
carentes. Externamente a solidão aumenta. Na cidade grande ninguém conhece
ninguém. Estamos distantes. Temos cada vez menos pontos em comum mesmo com as
pessoas que conhecemos. São várias opções culturais e muitas discordâncias em
relação a gostos.
A gente tende a se fechar e a
lamuriar. Muitos questionamentos surgem: Como recordar dos acontecimentos
negativos sem sofrer? Como si perdoar e perdoar?
Uma pessoa ferida tem muita
dificuldade de dar e receber carinho. Desemboca-se um isolamento afetivo. “O
medo de tornar a ser desprezado faz com que nos fechemos ao amor. O triste é
que quando a pessoa se fecha, evitando sofrer de novo, também elimina a
possibilidade de ser amada novamente.” (LEO, 2015, p.68).” Damos permissão para
o mal se desenvolver.
Nada anima, nada interessa, nada dar
certo. A vida passa a não ter gosto....
O alerta vermelho é soado!!!!
Vamos refletir...
·
Se
pararmos para pensar nas pessoas que estão passando o mesmo que nós
descobriremos que não estamos tão sozinhos. Mas é preciso coragem e vontade de
falar o que tem no coração a pessoas que confiamos. Guardar tudo só aumenta a
angústia.
·
Ter um
olhar sincero de si. As limitações aparecem para vermos com mais clareza nossas
reais possibilidades.
·
Às
vezes estamos vivendo uma vida que não é nossa. Demos liberdade demais a
algumas pessoas para nos dominarem. E achamos que não conseguiremos viver sem
elas.
·
Conquistas
que valem a pena vem com esforços e renúncias. Nada vale o esforço por algo que
se vai fácil e não deixa nada. Ao tirar essas pressões, a vida passa a ser mais
leve.
·
Precisa-se
de propósitos. Observar os processos que conduzem ao resultado final. Enxergar as
oportunidades que aparecem no caminho porque não é certeza que nossos projetos
darão certo. Se perguntar: “Quero mesmo isso?”; “O que de positivo está me
trazendo?”; “Estou melhorando?”
A gente muda e a percepção do outro
muda. Não existe a pessoa ideal, mas a pessoa certa. Amar não é subtrair e nem
se esgotar. É multiplicar, esperar e confiar. Adentrar na vida das pessoas de
forma respeitosa.
E o principal: Deus nos devolve a nós
o tempo todo.
FONTES:
LACERDA, Ricardo;
GARATTONI, Bruno. A explosão da solidão.
In: Super Interessante. n. 407, setembro 2019, p. 22-33.
LÉO SCJ, Padre. Gotas de cura interior. Canção Nova:
São Paulo, 2015.
MELO, Padre Fábio. Quem me roubou de mim? Edição
atualizada e ampliada. Planeta: São Paulo, 2013.
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