domingo, 6 de outubro de 2019

SOLIDÃO, OS OUTROS, CARÊNCIA E UM OLHAR SINCERO DE SI


           A sensação de solidão é um alerta do organismo para que busquemos companhia de outras pessoas. “O outro nos apresenta um jeito novo de interpretar o que somos. O que nos encanta no outro é o que ele nos consegue fazer enxergar em nós mesmos”. (MELLO, 2013, p. 141).

          Nosso coração ao querer amar e ser amado dá abertura para isso acontecer. No meio da multidão ele elege uma pessoa em especial. Quer muito que as expectativas sejam realizadas. Mas com o passar dos dias as descobertas mexem com nossa “estrutura” e percebemos com mais nitidez algumas coisas.

          “Nos relacionamentos pós-modernos são marcados pela fragilidade dos laços criados, a transitoriedade das relações e a angústia de projetar no outro aquilo que se espera da vida a dois”. 1 E é verdade. Projetamos nos outros o que gostaríamos de encontrar em nós mesmos. Ao perceber que o outro não é aquilo que esperávamos, o encanto se vai.     

          Nada mais dolorido do que a não correspondência ou ver aquele relacionamento que se investiu com tanto afinco não dar certo. Passamos a refletir. Internamente ainda somos criaturas frágeis e carentes. Externamente a solidão aumenta. Na cidade grande ninguém conhece ninguém. Estamos distantes. Temos cada vez menos pontos em comum mesmo com as pessoas que conhecemos. São várias opções culturais e muitas discordâncias em relação a gostos.

          A gente tende a se fechar e a lamuriar. Muitos questionamentos surgem: Como recordar dos acontecimentos negativos sem sofrer? Como si perdoar e perdoar?

          Uma pessoa ferida tem muita dificuldade de dar e receber carinho. Desemboca-se um isolamento afetivo. “O medo de tornar a ser desprezado faz com que nos fechemos ao amor. O triste é que quando a pessoa se fecha, evitando sofrer de novo, também elimina a possibilidade de ser amada novamente.” (LEO, 2015, p.68).” Damos permissão para o mal se desenvolver.

          Nada anima, nada interessa, nada dar certo. A vida passa a não ter gosto.... 

          O alerta vermelho é soado!!!!

          Vamos refletir...

·    Se pararmos para pensar nas pessoas que estão passando o mesmo que nós descobriremos que não estamos tão sozinhos. Mas é preciso coragem e vontade de falar o que tem no coração a pessoas que confiamos. Guardar tudo só aumenta a angústia.
·    Ter um olhar sincero de si. As limitações aparecem para vermos com mais clareza nossas reais possibilidades.
·    Às vezes estamos vivendo uma vida que não é nossa. Demos liberdade demais a algumas pessoas para nos dominarem. E achamos que não conseguiremos viver sem elas.
·    Conquistas que valem a pena vem com esforços e renúncias. Nada vale o esforço por algo que se vai fácil e não deixa nada. Ao tirar essas pressões, a vida passa a ser mais leve.
·    Precisa-se de propósitos. Observar os processos que conduzem ao resultado final. Enxergar as oportunidades que aparecem no caminho porque não é certeza que nossos projetos darão certo. Se perguntar: “Quero mesmo isso?”; “O que de positivo está me trazendo?”; “Estou melhorando?”

          A gente muda e a percepção do outro muda. Não existe a pessoa ideal, mas a pessoa certa. Amar não é subtrair e nem se esgotar. É multiplicar, esperar e confiar. Adentrar na vida das pessoas de forma respeitosa.

          E o principal: Deus nos devolve a nós o tempo todo.
           


          FONTES:

LACERDA, Ricardo; GARATTONI, Bruno. A explosão da solidão. In: Super Interessante. n. 407, setembro 2019, p. 22-33.

LÉO SCJ, Padre. Gotas de cura interior. Canção Nova: São Paulo, 2015.

MELO, Padre Fábio. Quem me roubou de mim? Edição atualizada e ampliada. Planeta: São Paulo, 2013.

1 sublimeirrealidade.blogspot.com/2014/01/azul-e-cor-mais-quente.html

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