Os monges como São Bento, Evágrio Pôntico e Santo Antão apontam o caminho espiritual como forma de viver uma vida saudável. Equilibrando oração e trabalho; vigília e sono; refeição e jejum; solidão e convivência, e estabelecendo uma rotina saudável é possível organizar a vida pessoal.
A espiritualidade dos padres do deserto (como eles eram chamados) não consiste em estabelecer altos ideais, e sim ir de encontro às próprias fraquezas. Na fraqueza se descobre um pouco de si mesmo, a vontade de Deus e o que é necessário para alcançar a Graça necessária.
Para se chegar ao que o autor chama de “espiritualidade de cima” é preciso ter:
Ø Abnegação;
Ø
Autodomínio;
Ø
Amabilidade constante;
Ø
Amor desinteressado;
Ø
Liberdade diante da cólera;
Ø Domínio da sexualidade.
O caminho para se obter isso é árduo, pois o indivíduo precisa travar algumas batalhas.
A primeira delas é separar o ideal da realidade. Os padres do deserto nos aconselham a representar nossas fantasias e sonhos na realidade.
Por exemplo: Você quer
uma mulher?
Então imagine se tivesse uma. Você teria que cortejá-la, não é
mesmo?
Teria que dar atenção;
Fazer algumas renúncias por ela;
Fazer coisas que ela gosta porque uma vez ela já fez isso por
você;
E se ela se sentir doente? Ficará perto dela?
E se ela lhe pedir dinheiro?
E se ela não trabalhar?
Levando as coisas para a realidade pode-se descobrir o que realmente se quer. Não reprimindo os pensamentos e sim os deixando vir à cabeça e levá-los para realidade. Pensar: “Conseguirei viver realmente desta forma? Meus sonhos serão possíveis e estarei em paz?”
A outra batalha a ser vencida é com os maus hábitos. Os padres convidam a uma mudança:
Em relação à comida. Comer devagar, saboreando a comida em vez de comer rápido, em excesso e escolhendo mal o cardápio.
Em relação ao sexo. Usar o sexo como resultado de uma vontade e disposição de um homem e de uma mulher que decidem se relacionar seriamente, doando-se intimamente, em vez de usá-lo apenas para buscar um prazer solitário e egoísta. Lembrando que a sexualidade não bem vivida “retarda o processo de humanização e é transformada num bloqueio em direção a Deus.” (GRÜN, 2010, p. 73.).
Em relação às posses. Ter consciência que dinheiro e bens nunca vão dar tranquilidade, sossego e harmonia desejados. A vida não consiste em apenas tê-los. A ânsia em possuir nunca será satisfeita. O que aumenta é a aflição de querer mais e mais na esperança de suprir algum vazio.
Em relação ao tempo.
Olhar para o presente encarando a própria realidade, tendo ânimo para trabalhar
e rezar, e se envolvendo com algo ou uma pessoa em vez de ter os pensamentos
longe, em outro lugar, querendo fazer coisas diferentes a toda hora, sem estar
aproveitando o momento presente.
Em relação aos sentimentos.
Descobrir as causas da raiva e da tristeza em vez de se deixar dominado por
eles.
Em relação a si
mesmo e ao próximo. Reconhecer o que se sabe fazer; ter consciência que não
é igual aos outros; está na disposição de ajudá-los quando possível em vez de
se comparar, de ter, de ser e de torcer pelas derrotas do próximo.
O modelo de comportamento é Jesus Cristo. Ele que
desceu dos céus para nos levar a Deus dará as forças e o ânimo necessário para
todos aqueles que crerem Nele.
GRÜN, Anselm. O céu começa em você: a sabedoria dos padres do deserto para hoje. 18
ed. Tradução de Renato Kirchner. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. 141p.
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