Se relacionar com os outros não é tão simples. Passos devem ser dados e correspondidos. Nem todos ficam à vontade (ou não querem) falar e compartilhar a própria vida por mais que a outra pessoa seja legalzinha-boazinha. É algo que não tem explicação.
Há expectativas não realizadas e às vezes é difícil contar com os outros e viver com decepções.
Na cidade grande ninguém conhece ninguém. Estamos distantes. Temos cada vez menos pontos em comum mesmo com as pessoas que conhecemos. São várias opções culturais e muitas discordâncias em relação a gostos.
Nunca se escondeu tanto de si mesmo ao outro como nesta geração das redes sociais. E muitos têm dificuldades em expressar o que estão sentindo.
Longe, distraídos. Sem saber o que está fazendo e nem sabendo para onde está indo. Querendo uma outra vida e ser uma outra pessoa.
Na vergonha de esconder ou revelar carências nos fechamos no nosso mundo. Mas se a cada decepção nos fechar e refugiar no nosso mundo particular (e ficar por lá) viveremos de ilusões e mentiras.
Não tem como viver como rei e rainha e querer que todos façam nossas vontades. E nem adianta querer montar sua própria turma para atrair seguidores/admiradores. Nos queixamos de solidão e que não somos ouvidos/compreendidos. Mas se pararmos para pensar nas pessoas que estão passando o mesmo que nós descobriremos que não estamos tão sozinhos. Se prestarmos atenção um pouco descobriremos que não somos tudo isso que pensamos que somos.
Temos que ter paciência e ser compreensivos. Ninguém é perfeito. Ninguém acerta sempre. O outro exerce sim uma importância. Revela quem somos. Revela nossas forças, mas também nossas fraquezas.
É preciso aceitar a escolha do outro e adentrar na sua vida de maneira respeitosa. Ou deixo a pessoa seguir seu caminho e torço para sua felicidade (se gosto verdadeiramente dela) ou dou aquilo a partir da abertura que ela me deu. Ofereço a mão nas horas de dificuldades (quando eu puder e se ela quiser receber ajuda). Colocar no coração que os outros não nos devem nada e que eles têm uma vida e que não somos obrigados a participar dela a não ser que queiram.
Fonte:
LACERDA,
Ricardo; GARATTONI, Bruno. A explosão da
solidão. In: Super Interessante. n. 407, setembro 2019, p. 22-33.
LÉO
SCJ, Padre. Gotas de cura interior.
MELO,
Padre Fábio. Quem me roubou de mim?